terça-feira, 24 de agosto de 2010

Diálogos das sombras. (7ª parte)


Sophia.

Há longo tempo atrás, vieram-me por intermédio de uma Sombra, as palavras de um antigo amante de Sophia.
Palavras que eram frutos de um desejado mundo das idéias, tais palavras diziam:

__ Saiam todos, saiam agora! Abandonem suas cavernas. Vejam a luz, concebam a luz, vivenciem a luz. Nesta caverna em que habitais o que além de siluetas luminosa podem ver?

Após ditas estas palavras me senti extremamente curioso em relação a tal luz. Luz que apenas por feixes e frestas podia contemplar. Tomei minha decisão e parti em direção a luz.
O vislumbre grandioso, a magia das formas, sensações novas e o espetáculo de um mundo de milhares de sóis e cores...
Passei anos neste mundo novo e após refletir em demasiado cansaço, resolvi a caverna voltar. Após conseqüências cheguei à conclusão, a antiga caverna voltarei!
Anos após esta experiência a mesma figura sombria se apresentou a mim e questionou me:
 
_Porque voltardes? Todavia não é na luz que se encontram todos os tesouros de Sophia?

Permaneci horas em silencio e com um suspiro profundo a Sombra respondi:

__ Meu caro amigo intimo, que a muito estais a me acompanhar, decifrei teu segredo e compreendi, recebi das idéias o sigilo e aprendi o caminho das amarras das eras...
Fora da caverna as idéias estão livres, com suas cores e formas fugindo uma a uma daqueles que a tentam capturar...
Na caverna é onde nascem. Nascem do pleno vazio, na escuridão das cavernas as idéias são virgens, puras e iguais, mas, possuem todas as suas modificações e transmutações contidas em sua essência primeira. Uma vez conhecido o segredo dos olhos deste sigilo, pude novamente da caverna sair. E contemplei que as mesmas idéias que da minha ânsia por saber fugiam, desta vez vieram até a mim, de forma organizada e desejável levaram me ao leito de Sophia, que nua em sua cama exala perfeição e paixão. Levantando se veio até o meu encontro, ofereceu me uma espada de dois gumes e um véu manchado de sangue. Quando a eles toquei, instantaneamente viraram pó, e de sua presença fui retirado...
E novamente com um sorriso sarcástico, a Sombra falou:

__ Faltou te prudência, faltou te coragem. Se um dia, o qual distante está, estiveres novamente em frente à Sophia, recuse a espada e não toque no véu. Apenas com ela se deite, e a ame!
Se há conhecimento em ti, a espada é a dualidade e o véu o sacrifício...

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