sábado, 6 de outubro de 2012

Madrugada


Insone a alma se encontra, em silencio a mente busca as respostas... O vinho percorre o corpo e encontra uma porta, o observador se surpreende: __ Não pode ser! Por quantas vezes o mesmo caminho ele percorreu e não havia nada ali.
O calor e o sentimento que o mesmo evoca, a porta se abre e o observador caminha ao encontro de tal estranha surpresa, ele se pergunta: __ O que será? 
Ele atravessa a porta e as luzes se acendem, um agradável cheiro o entorpece, uma doce voz mais a frente... Sua mente o questiona: __ Quem será?
De costas,  nua e com os seus longos cabelos de sombras, ocultam, revelam... Ele vê a Lua amarrada naqueles fios, a sua transpiração, cada gota sobre sua pele se revela como um infinito céu estrelado!
O observador a contempla mas ao mesmo tempo a teme, ele sente que ela pode acordar o lobo, o xamã, a inspirar aquele que corre ofegante por entre as colinas...
Ele se sente perdido, confuso... Temeroso pelo seu coração, pela sua alma... O medo tenta tomar o controle mas ele esta atento porem imóvel, ele não consegue se mexer, esta em transe! Sua mente transborda, sua intuição se afiando com seus instintos... Ele se aproxima, lentamente, aquela vibração. Ele já sentiu antes, mas recusou que pudesse ser verdadeira... Novamente ele há encontra, após a tempestade!
O cheiro dela o faz tremer... Seu corpo se contrai, ele deseja correr, sem rumo, para bem longe...
Aqui e agora ele se repele, até mesmo a escrever... Por quanto tempo? Ela o constrange, mas ele deixa de relutar e a face dela ele quer ver... Com os olhos fechados ele a toca e sente uma corrente de energia atravessando o seu corpo, milhões de sentimentos em apenas um segundo, então ela se vira!
Ele sabe quem ela é... Sua realidade se desconstrói, sua mente lhe diz: __ Confuso!
Ele se afasta e pergunta: __ O que sabemos daquilo que sabemos? Quando sentimos o que é verdade e ignoramos?
Além do caos que minha alma se encontra, mais quebrado não fui em outra vida, pois bem e agora?
A Lua no céu esta vazia e de algo me recordo, que é bem nessas horas, nesse instante que é  agora que alguns segredos tendem a se revelar...


Rodrigo Taveira.

domingo, 30 de setembro de 2012

30-09-12 | 02


Em um estado dormente percebo a dor que dilacera alma, não importa quantos sonhos se podem realizar, nem quantas riquezas encontrar... Cercado de amigos ou em um profundo isolamento.
Religiões e passos no escuro, santificar se ou se tornar o maior dos pecadores? Dar tudo que tenho, até mesmo o meu folego de vida, nada bastaria, nada preencheria o vazio... Como um buraco negro, nada pode saciar.
Por muito tempo busquei preencher a minha vida tentando sufocar esta cruel dor, nada, absolutamente nada além de uma singular percepção pode ameniza la...
Percebo que buscamos a dor, a guerra, o sofrimento, não por tolice mas por necessidade, alguns de nos precisam cair ao ponto de que gemendo e em plena escuridão vislumbrem o que outrora viram tantas vezes e se curem da ingratidão...
Reparem, pensamos que temos tempo, que vamos acordar amanhã e assim por diante, prontos para cegarmos perante os sinais e desgraçarmos tudo e todos novamente, pois amanhã ainda é tempo...
Planejamos, maquiamos os nossos rostos e erroneamente acreditamos que seremos melhores amanhã, ficariam surpresos todos que assim pensam se vissem que não existe um amanhã, tudo que existe é andar em círculos em dor e sofrimento, torturam se a si mesmos...
Aceitar o vazio, ele faz parte da singularidade que somos e que tudo 'é'...
Aceitar que não existe mudança, que nada que se possa imaginar pode mudar ou preencher...
Aceitar que a liberdade é um estado que somente é experimentado internamente, sem luta e em plena serenidade...
Aceitar que todo o nosso desejo é fruto de uma imagem ficcional, essa fome insaciável do ego...
Na verdade não temos tempo, o mesmo somente é mais uma ilusão da mente assim como essa dor que nos dilacera infinitamente...
Abandone sua mente, sinta seus pensamentos mentirosos se fragmentando... Vislumbre uma pequena carruagem guiada pelo amor, incondicional.
Se torne sensível com o teu próximo, perceba que ele faz parte de você... Celebre a vida, aqui neste momento pois é tudo que tens, tudo que é real!

Rodrigo Taveira.

30-09-12


Enquanto o silencio se torna coragem... Milhares de casulos em minha mente.
Para alguns um tolo pareço, de outra forma não seria... O medo colide com amor em poucos segundos.

O tempo ruge, trémula e desperta a criança morre. As estrelas brilham em minha alma...

Aqui e agora sinto algo estremecer, milhares de casulos a se romper... As borboletas, incontáveis asas, fragmentos do passado vivem neste momento, morrem minutos após... Estar em um ponto onde não existe retorno, um caminhante que olha para traz mas não se recorda de onde veio, não se recorda para onde vai... A eternidade de um momento presente, encontrou a chave, invadiu os céus, tomou para si as estrelas e despencou... A dor, o alivio, o sorriso mascarado; o feto que foi abortado, aberto, todas cores, todos os sons, em si mesmo o vácuo...

Os universos como pequenas esferas a girarem em torno de si, no vazio obstruído, infinitas almas transmigram em suas evoluções... O caos e o cosmos sentados em seus balanços, vendo, contemplando a arvore florescer enquanto morre... O vórtice de energia que se eleva é o mesmo que esta em queda... E em si tudo é ilusão a não ser o silencio...
Isto é em si um sonho ou realidade? Ele pergunta a si mesmo e após um compasso, um dia para o seu deus que é em si todos os deuses, há si mesmo ele responde: Enquanto o 'eu' morre, sinto, danço, aqui e a agora!

Olhando as nuvens que se movem, ele sente dentro de si o calor do sol, a canção dos planetas lhe sussurra aos ouvidos, conectado? Não, tudo e ele são uma coisa só e no entanto não são...
Um fagulha consciente, desperta em uma grande fogueira, se parece sozinha, entristecida, porem em seu silencio ela se regojiza, ela se move no intimo de toda a fogueira, vê pelos olhos que não são seus, o calor, a morte, a vida, a musica...

O que pode significar a vida para aquele que dorme?  
Rodrigo Taveira.

domingo, 23 de setembro de 2012

Elemental e sufocante...


1.
— Você conhece o caçador dos sonhos?

— Não... Porque?

— Eu posso ouvir a cidade, horizonte perdido...
Eu posso ouvir os seus sonhos, alguns se realizaram.
Eu posso ouvir a noite, seus passos leves, cíclicos ao meu redor...
Eu posso ouvir o silêncio, eu posso aprender!

— Como...? O que isso significa?

— Esqueça... Boa noite!

2.
Sol, iluminação... O céu ainda se encontra azul!
Queda, profunda... Ao descompasso do mundo, plenamente, incandescente, florescendo...
Libertas lembranças que fogem, retornam... Machucam oferecendo a salvação!

3.
A decadência de uma promessa profanada... Contra o vento, renascimento de uma nova noite.
As crianças deitadas, olhando, repousando seus frágeis olhos na luz das estrelas... Distante céu!

4.
Ele tem a alma de um vagabundo, que contempla todas às madrugadas o amanhecer...
A alma de um vagabundo... Desperta, alucinação, descontração, banhado em orvalho...
Desesperado, cansado... E a muda canção grita, sacrifica... Quatro direções e uma canção solitária!

5.
Ela mergulhou fundo... Tão fundo que não se suportaria.
A queda no oceano profundo, agonia? Não, ela era uma estrangeira pela noite...
Naquela noite, apenas aquela vez, ela viu! Por poucos segundos, o oceano a refletir o Universo.

6.
Desejou ser um anjo, desejou não morrer... Apenas seu rosto colado, a beijar a face fria do espelho.
Naquele momento, friamente, voluntariamente em movimento precipitou-se...
Os Anjos riam em seu rosto, enquanto sua vontade permanecia... Uma alma calada!

7.
Alguns lutam contra as trevas, alguns criam novas religiões, muitos pedem:

— Por favor... Ajudem!

E na mentira que escorre por dentro, alimentando a distância...
Pombos e corvos na mesma direção, o cego vôo ao abismo.
Olhar para os céus, falência, agonia, de tanta dor apenas sussurros são pronunciados.
Todo o dia se pode sentir, que acima do amor reina o desejo e o ódio...
Por entre os homens, nos homens... Eu sou um homem e melhor seria que não!
Tanto ódio que carrega o mundo... Um planeta embriagado de sangue!
Por entre os homens, nos homens... Eu sou um homem e melhor seria que não!
Eu posso sentir! Alguns podem sentir... A maioria não...!
Desconstruir a realidade... Ou nos esquecer de vez...?
Outra terra prometida não haverá...
E quando realmente perceberem... Não, nunca perceberão!

8.
Quem pode estabelecer um compromisso e segui lo sem preconceitos, sem medos e com a certeza de não falhar?
Há uma doce época, sutil e iluminada quando a mente não foi endurecida e onde a esperança repousa. Um sonhar com perspectivas divinas, puras... Justas!
Uma alma tem a chance de encontra o tesouro perdido, escondido... Quando sua mente caminha na idade da inocência!
Deus é doce puro e cheio de justiça quando se tem inocência! Ele existe!
E o tempo e a vida tomam de propósito fazer que por mais um tempo somente haja fragmentos de sua existência!
Não basta desconstruir somente a realidade, tem de se desconstruir o Eu em igual equivalência... Igual proporção!
E além de todo despertar terá o renascimento e a capacidade de saber agradecer, uma época intangível e inatingível de boas sensações... Inocência, serenidade, paz!

Rodrigo Taveira.

E se desfaz.


'' que seja suave a sua morte e com sorte não mais nascer... ''

... Em minha frente um precipício,
Em minha jornada me perdi!
Não posso mais suportar...
A paz me abandonou!
Não há mais tempo,
Estou completamente fraco e atordoado...
O que acreditava não creio mais,
O que de mim afastava,
Tenho certeza que faz parte de min...
O que julgava certo...
Não mais julgo!
As vozes me perturbam,
O céu é negro,
Não mais vejo o sol!
Minha alma já está cansada,
Meu corpo está cansado,
E o que antes chamava espírito,
Não sei mais!
Sim! Eu posso ouvir!
A queda me chama...
Sim ela está a me chamar!
Talvez a morte me receba 
Traga me o alívio de que tanto necessito?
Não...

'' Se fixa dentro e fora...
É o que está abaixo, e o que está acima.
É o que te preenche, e o que te mantém...
Tudo se faz igual...''

Olho para baixo e vejo um precipício,
Apenas isso, parece não ter fim...
Não me importo mais, o que tinha perdi,
E nada encontrei... Pois nada é!
Simplesmente nada além do absoluto nada!
E o que me resta?
Não vejo sentido algum...
Creio que seja isso,
Chegou o fim...
Nada além de nada!
E o que resta é vaidade...

Rodrigo Taveira.

23-09-12


A lamentação diária, rotineira, provável no possível e nas impossibilidades. Caminhos que se fazem retilíneos em uma figura de realidades cíclicas, múltiplas e divergentes.
Aflogístico lamentar e o tempo que outrora fruto de mitos e canções, agora aliado a verdade se prostra aos pés do caos e suas intenções.
E em nossas faces cansadas e caídas de tanto procurar, por algum motivo, o despertar!
Pode parecer à primeira vista insensatez, mas o que não é insensato caro amigo? Libertar se do medo, medo ao qual é a origem de toda falsa verdade e um caminho de sombras e sem direções!
Razões que cremos que são desconhecidas, razões a quais conhecemos que em si de racional nada possuem... Mas no intimo tudo é revelado e facilmente conhecido...
Cada momento que se passa, cada segundo que se esvanece, perceber se cada vez mais e evidentemente que tudo é tão comum, simples, como uma brincadeira de criança, como o revoar dos pássaros...
Somos moldados diariamente para estabelecer e fundamentar a nossa fé na razão. Dificultamos as passagens, colocamos barreiras, impedimos o caminho com nossas conclusões inúteis e fúteis, nossos tolos pensamentos procuraram erroneamente... Cavamos buracos para encontrar o que é o bem e elevamos nossas faces para o alto, na tentativa de compreender o mal.
Mas, o que não sabemos é que estamos além e que a cada momento que se passa, chegamos mais perto, cada vez mais perto e no entanto nada podemos ver!
A realidade é única e ao mesmo tempo fragmentada, múltipla e em desordem, ela nos arremessa ao mesmo lugar, mas por caminhos diferentes. Ela nos molda conforme nossa imaginação que reflete o fragmento deste caos em cada um de nos. Somos espelhos a refletir, somos o que o espelho reflete, somos um insignificante e frágil fragmento caótico juntos aos nossos infinitos irmãos... Somos a distorção da criação e sua magnífica manifestação, esferas de infindas cores, frágeis e compulsivos. Somos o que se eleva e o que se rebaixa, a turbulência e a calmaria, os sonhos e os temíveis pesadelos!
Somos parte de uma canção composta por energia, manifestações e contradições, somos as notas que foram compostas pela majestosa sinfonia cujos os instrumentos são o tempo...
A cada um que se ache vazio, se preencha... E aos preenchidos, se esvaziem!
Pois o caos e sua sinfonia se revelam a cada novo amanhecer, com suas cores e desordem, amores e ódios, como bons e péssimos pais.
E tudo jaz simples na cova que se refaz, pois o desperto já não mais dorme, a realidade não mais engana, o que outrora cegava te faz ver por sobre todas as coisas... Você tudo pode ser e na iluminação nada ser!
E aos tolos basta à alegria, a felicidade de se alimentarem de ilusões e tolices!
Em verdade, segredos não existem, apenas coexistem com as diversas possibilidades e suas alusões...
Quem compreende cada vez mais ama, pois tudo se encontra em aberto e em constante evolução.

Rodrigo Taveira.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

21-09-12


Não façamos questão de manter pessoas em nossa vida que só semeiam discórdia... Muito menos pessoas que só se importam com o que temos ou deixamos ter; Não aceite que lhe digam o que fazer! Uma vez que não se trata de "fazer" e sim "ser"...
Direi por mim, vivo em uma sociedade neurótica e doente porque eu sou doente. Assumir a loucura é o primeiro passo para se tornar um observador da sua própria "mente", observar que os seus pensamentos são carregados de preconceitos e fluem mecanicamente seguindo sempre um padrão pré estipulado, perceber que estes pensamentos não são você e quão fútil e estupido é alimentar uma imagem de si mesmo... Se cada um olhar para si agora verá que existimos como fragmentos, pedaços, cacos, extremamente magoados, do momento do nascimento até a morte, somente sofrimento o qual é elevado na tentativa  de se enxergar aquilo que no intimo você É nesses pedaços espalhados em sua mente... Criamos salvadores e suas religiões, falamos de paz enquanto matamos nossos irmãos, o que seria tudo isso senão pura hipocrisia? Atordoados e em desordem, nesta confusão criamos autoridades para nos guiar, pois somos tão covardes que temos que colocar a responsabilidade em outro e esse outro se torna esse "ente" monstruoso que não é nada mais que o reflexo de toda nossa loucura, desordem e covardia, damos o nome de sociedade a tudo isso! Realmente estou farto, somos patéticos, ignorantes, mentirosos, criminosos e nos achamos especiais, protetores da verdade... "Vou lhe guiar meu irmão, esta é a sua salvação!" E onde fica a parte em que você diz: _ É somente ironia!

Vivemos em conflito o tempo todo, desejamos paz, amor e quando isso se aproxima desejamos ir para o futuro, não aceitamos o momento presente, aqui e agora, somos contra a unica realidade, não importa o que seja estar aqui e agora, rejeitamos, recusamos... Esperamos no futuro sermos felizes! E quando chegamos no futuro podemos contemplar que não existe final feliz! Tudo o que você fez irá dissolver e você estará morto e nada, nada do que tenha se esforçado tanto para fazer terá significado algum.  Sua vida perdida com seus pensamentos, tentando se encontrar no futuro ou no passado, o momento presente desprezado... Sendo que somente aqui e agora podemos estar serenos, conscientes e em paz e toda tentativa de tentar se encontrar consigo mesmo, seja no passado ou futuro resulta em tortura e sofrimento, porque nossa mente se fortalece com o conflito e o seu ser é subjugado pela sua desatenção do momento presente... 
Proponho experimentar o silencio e o amor que surge desse estado de atenção, aqui e agora. Deixar que os nossos pensamentos passem por nós como uma grande nuvem no céu, não nos apegaremos, ficaremos conscientes em plena atenção... Sentir o coração vibrar, ele que é a casa do mais sagrado que transcende toda nossa fútil explicação... Encontrar o caminho aqui, agora, dentro de nós... Serenos e em paz... (cont.)
Rodrigo Taveira

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

13-09-12


Corra, corra solitário buscador pelas escuras colinas, entres arvores que rugem, temidas sombras que escondem antigos tesouros perdidos aos olhos dos homens... Abra suas asas e por sobre o turvo lago alcance seu destino... Olhe para além dos seus medos e não tema a agonia, não se deixe sucumbir pelas miragens do demiurgo.
Quando seus olhos mostrar te os homens como estrelas flamejantes, contemple como se espalham por sobre toda há, Terra... Veja tremer os que o observam, caia em plena alegria... Este é o tempo, aceite o seu dom, abrace seu presente que é lhe dado nesta existência e quando estiver seguro em seu etérico plano relembre se, das glorias dos seus dias, pois o tempo não lhe enganara mais, passado e futuro coexistira aqui e agora...
Doces memórias meu irmão, tragédias épicas não lhe trarão dor ou tristeza, belos romances... Desfrute essa bela flor que desabrocha em sua mente, sua consciência aflorando e requirindo o seu lugar que lhe é de direito...
Como gigantes águias vindas do norte ocupe o seu o lugar, receba a promessa e emane a sua liberdade entre todos... Fluir a existência!
Não se importe se um dia fomos demônios, dragões, inimigos... Aqui e agora somos irmãos e alçamos a liberdade e a igualdade em nossos espíritos, acendamos ao próximo céu, e isto não será o fim e sim a eternidade!
Levantem se irmão, troquem as suas peles pois este rigoroso inverno chega ao fim, sinta o amanhecer, a esperança que nos faz nesse momento vibrar o nosso coração, a presença em cada átomo do nosso corpo conectado com o Todo que emana o seu amor por todo o sempre.
O medo e a dor, não caiam na ilusão... Em silêncio agora estejam presentes, atravessem juntos essa ponte que se eleva por suas cabeças, vejam meus irmãos a verdade de braços abertos te esperando e lhes convidando, sente se conosco irmão e inicie a sua jornada sem mais o véu que até agora o impedistes de ver!
Dancem, cantem, rodopiem no ar... Há um universo em ti que quer se expandir, criar! Você não consegue mais segurar, exploda como uma estrela, criação!
Despertem irmãos, agora! Vibre a sua verdadeira essência... Revele se! Sinta, seja, transmita o seu amor...

Rodrigo Taveira.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

07-09-2012


Se torna extremamente triste como reconhecemos o próximo e a nossa própria vida somente por algum preço que julgamos ser aceitável, não nos damos ao trabalho de silenciar nossas mentes e reconhecer o valor... Corsários de relações amorosas, familiares, em um eventual trabalho, com amigos, resumindo, relações sociais!
Incentivamos a ganancia, a covardia, alimentamos padrões comportamentais e os julgamos necessários para que possamos atingir o nosso tão sonhado “objetivo de vida”.
A vida é recheada de sofrimento porque o racional é apenas racional e não a verdade... A partir do momento que você permite silenciar a sua mente e se observar presente e consciente no aqui e agora, mesmo que seja por alguns segundos, o problema que antes gerava tanto sofrimento, angustia, vazio existencial, desaparece e as soluções clareiam sua vida...
Posso dizer que o silêncio é a chave que nos abre a possibilidade de uma vida, nesse instante agora, em plena consciência e livres da dualidade incessante que é repetidamente representada pelos nossos pensamentos e ações tão desfiguradas e sem proposito, e o mais importante, podemos reconhecer o valor de "ser" e que não há nada que façamos que possa nos dar a capacidade de vislumbrar esse valor, poque não se trata de “fazer” mas sim de 'ser', se entregar, não lutar, não sacrificar,  apaziguar e sentir imensamente grato pela oportunidade que a existência nos dá para provar que somos capazes de sermos plenos em consciência, mesmo existindo em uma realidade de transitoriedades.

Rodrigo Taveira.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

05-09-12


O tempo, reviro o meu templo, sucumbo em meus poucos momentos de lucidez.
A noite me encontro com velhos sussurros de uma negativa peculiar, o amor e solidão tão próximos; como um pássaro e o céu!
A ruína reescrita e a esperança atormentadora, doce são os lábios que me faz querer ver o Sol, apesar da dor!
Doravante minha estrela ouvisse o meu silencio e comigo fugisse para além das altas e sombrias montanhas... Por onde carros nem frias e demoníacas mecânicas podem chegar!
Sou um homem de alma antiga, cuja as marcas de cíclicas existências já começam a doer... Quantas vezes mais de um tumulo terei de sair? Há quantos mais terei de provar? Longe das cidades de cristais e dos vales flamejantes existe uma arvore, na qual nossos nomes talhados foram...
Levado por seus lobos até a mais alta colina, ele viu a escuridão, sentiu a turva neblina curar seus olhos da cegueira, se sentou e sobre si há mais bela Lua, com seus irmãos uivou, cantou, chorou, agradeceu pela pequena fagulha de luz que seus olhos podiam ver...
Qual o sentido de corpos tão pesados e frágeis mentes? Sonhadores e espreitadores, uma caça silenciosa pelo absoluto vazio... Qual a verdade nas silhuetas e em suas pequenas sombras?

Rodrigo Taveira.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Perseverança.


Quando os reais olhos se abrirem,
Quando ancestrais e heroicas almas despertarem,
Quando os dias se fizerem verdadeiramente claros,
E a doença do mundo se curar,
E a cicatriz enfim se fechar...
Então saberemos a hora de partir,
A hora de viajar novamente...
Pois o imanifesto somente volta à se manifestar,
Depois que um circulo se fecha e tudo se manifestou...
Um fluxo, erroneamente chamado vida...
Em mais, perseverança caro amigo...
Perseverança...

'‘... Sempre existira uma saída, mesmo que ela lhe arremesse ao inicio de todas as coisas. ''

Rodrigo Taveira .:.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Flores, palavras, morte...


...As crianças, filhos e filhas de Baco, nascidas ao contrário com suas entranhas expostas ao mundo...
Pequenas crianças, com aparência de monstros morriam jovens, geralmente assassinadas pelos falsos homens, morriam santas!

E no vislumbre que mesmo em seu tardar se revela magnífico e sublime...
As ideias se polarizam e em paralelas dimensões se cruzam... Quando mais se acha ser, menos se é... Que seja “Draco” ou uma raça inferior, esteja sobre libra ou não, denominado deus ou não, tenha o futuro sombrio proscrito e o passado glorioso na carga genética... Tudo não passa de uma demonstração caótica e de uma única realidade...
Palavras não explicam, apenas realçam a incapacidade de compreensão, temos uma grande transmutação que te leva ao nada e dele lhe retira! Somente isso?
O que cremos é a concepção da devastação incapacitada... De quem?
Muito pessimista? Não! O futuro é mais sombrio e nefasto, pode acreditar caro amigo!
A ilusão de paz e beleza breve cairá!
Não adianta fugir, nem estabelecer a polarização... O futuro é sombrio!
Os bons morrem cedo, o mal vive para sempre em sua ruína, o seu racionalismo... Como gados ao matadouro, fazem isso diariamente, se entorpecem com um pouco de beleza e bons sentimentos e se atiram a morte!
Os bons sempre deixaram de ser!

E de longe se avista uma criança, de face doce e alegre! ’’


Todos os dias são silenciosos e vazios e o caminhante vai, na noite sem estrelas, para se perder um pouco mais!
Como todos, os homens nunca serão bons pecadores e nem santos, mas em queda caminhamos, ao debater das pedras e socos, em correnteza e desgraça...
Como todos, somos calejados, irremediavelmente feridos e o que diferencia alguns, é o saber agradecer!

Em espiral desce a escada em paralelo ao mundo visível, você não pode ver?”

__ O medo, sim! O medo é a fonte da mediocridade e do fracasso da raça humana...

Dar te um grito em obtusas sombras... Outrora aparecessem, despertassem as trevas que ontem iluminavam minha alma.
Lamento decadente... Moribundo bêbado de cálices espirituais!
Ao ponto de não saber discernir o que há de verdadeiro dentro de mim... Tu o sabes?
Nesse momento eu sou o mal, blasfemo, peco... Desejo algo que possa sarar essa ferida, pútrida e gotejante...
Elevo os meus olhos, me transporto a um ermo, o qual escuro e de areia fétida... Antigo repouso de uma senhora trajada de lua, com uma criança no colo e um dragão por sobre sua cabeça...
O Universo se cala? Não, ele não é mudo... O infinito em parto suspira, a perfeição silenciosa me faz tocar, provar o firmamento... Emanar do nada para o nada! Levemente doce...
Desde agora e para todo o sempre, devolvam minha alma, retirem minha pele...
Pois bem! Se entenderem, compreendam! Enfim, nada além aos que chamarem sem compreensão...
Bons amigos ascendam uma fogueira! Melhor servir de alimento ao fogo, do que de refugio e falatório a espíritos medíocres.

''Crer, compreender, realizar... ''

Talvez chegado o dia eu vá me refugiar nos sonhos, sonhos que me fazem bem...
Para o mundo será loucura, mas para mim é chegada a hora da minha cura, minha única salvação!
Escalar da glória, assim ao súbito consumar da existência, predisse e não o disse. Estivestes aqui e não compreendestes... Medo!
Em momentos abissais, inferiores... Seja dito que não questionarei tuas dores!
Fechando ao escuro âmago da tua alma...
Agora durma! Já é chegado o final desta tragédia... Pois até os tolos percebem a consciência tem vontade própria... Assustador?
Em tua alma posso contemplar caro amigo... Claro como o amanhecer! Neste momento te viras contra minha face e já possuindo sua espada desembainhada e aos quatro ventos grita como um louco que sou seu inimigo!
A ti declaro minhas palavras, te amo... E não ousarei mexer quando atravessares pelas minhas costas e perfurares o meu coração...
Pois ontem e até o amanhã, bem sei que sempre fui leal e se mesmo assim sou digno de morte, entrego me a sorte predestinada de que me já é a hora de não mais dormir...
Desde já... Tens o meu perdão!

Vejo a lua pela colina...
Ela vem de encontro com minhas dores!
Amada, me traga soturnos ares,
Por onde passo seus gritos ecoam:
__ Não há mais tempo para chorar!

Nuvens fazem de ti morada,
Sim, desejo das habitações...
Quanto ao fogo, te faça fogo!
Aqueceis nossos corações!

Lua, bela Lua e amada minha!
Noite escura a me velar...
Uma profana vigília na madrugada!
Espíritos errantes tragam me antes do Sol raiar!

Vendavais do pensamento...
O destino a se enfurecer...
A mim mesmo sinto tormento,
Que em minha alma, o enlouquecer!

Não há mais tempo para lágrimas!
Não há mais tempo para pedir perdão!
Não há mais tempo para esperar em Deus!
Não há mais tempo para chorar!

No santuário de minha alma...
Nas cavernas onde me escondo!
Dunas de minha mente,
Ao circular do tempo, desfazem e choram, se lamentam?
É digno se despedir...

Insolente destino!
Maldito e pérfido caminho que ofereces a mim?
Quer me ver sofrer? Miserável carrasco!
Arranca para ti as minhas vísceras, não temas!
Ainda que em meus olhos estejam lágrimas a escorrer... Não temas!

Eu sei que sabes, mas não temas!
Pois certamente compreendes, morrerás comigo!
O que a mim tens feito, em ti se reflete...
A dor que sentes é a ferida que cutuco em meu peito...

Rodrigo Taveira .:.

12-06-12



Quando adormeci as estrelas se apagaram em minha mente, o cansaço e a recusa, enquanto os dias passam sedutoramente pelo os meus olhos que só enxergam o medo. Se torna arduamente difícil para um animal, paralisado, isolado, aceitar uma aproximação sem atacar!
Amar e ser amado, talvez figuras de linguagem? Entre o sorriso e a discórdia... Alguns se arrependem amargurosamente de terem queimado suas asas!
Como em uma maldição fatal, um vulcão adormecido que em seus tremores um pouco a respirar...
A angustia é um espelho que foi quebrado por refletir a verdade, por dizer: __ Veja, contemple o quão patético e insignificante se tornou o homem que um dia almejou estar entre os deuses!
Imóvel, digerido... Olhar trêmulo e uma turva visão, sem cores, apenas espectros em um turbilhão acinzentado.
Ofegante a cada amanhecer, cansado. Dizem os loucos que a vida não há sentido para aqueles que não querem sentir...
Ele sabe que a única segurança é a morte, viver é perigoso, é desafiar se a si mesmo, é o momento entre a queda e o impacto!
Mas há uma fagulha nessa escuridão, lentamente chega a chuva neste deserto...
Um longo período de dormência antes da semente germinar. Foi preciso um longo caminho, para que o sol de olhos verdes brilhasse sobre as ruínas de uma antiga piramide e dissesse: Levanta-te e anda!
Rodrigo Taveira .:.

sábado, 12 de maio de 2012

12/05/12


'' que seja suave a sua morte, e com sorte não mais nascer... ''

Em minha frente um precipício,
Em minha jornada me perdi!
Não posso mais suportar...
A paz me abandonou!
Não há mais tempo,
Estou completamente fraco e atordoado...
O que acreditava não creio mais,
O que de mim afastava,
Tenho certeza que faz parte de min...
O que julgava certo?
Não mais julgo!
As vozes me perturbam,
O céu é negro!
Não mais vejo o sol?
Minha alma já está cansada,
Meu corpo está cansado,
E o que antes chamava espírito,
Não sei mais!
Sim! Eu posso ouvir!
A queda me chama...
Sim ela está a me chamar!
Talvez a morte me receba e
Traga-me o alívio de que tanto necessito...
Não mais!

'' Se fixa dentro e fora...
É o que está abaixo, é o que está acima.
É o que te preenche, é o que te mantém...
Tudo se faz igual...''

Olho para baixo e vejo um precipício,
Apenas isso, parece não ter fim...
Não me importo mais, o que tinha perdi,
E nada encontrei... Nada sei!
Simplesmente nada além do absoluto nada!
E o que me resta?
Não vejo sentido algum...
Creio que seja isso,
Chegou o fim...
Nada além de nada!
E o que resta é vaidade...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

11/05/12


Desfaço do tempo, me reviro no tempo, me perco em meus pouco momentos de lucidez.
A noite me encontro com velhos sussurros de uma negativa peculiar, o amor e solidão tão próximos, como um pássaro e o céu!
A ruína reescrita e a esperança atormentadora, doce são os lábios que me faz querer ver o Sol, apesar da dor!
Doravante minha estrela ouvisse o meu silencio e comigo fugisse para além das altas e sombrias montanhas... Por onde carros nem frias e demoníacas mecânicas podem chegar!
Sou um homem de alma antiga, cuja as marcas de cíclicas existências já começam a doer... Quantas vezes mais de um tumulo terei de sair? Há quantos mais terei de provar que longe, bem longe das cidades de cristais e dos vales flamejantes existe uma arvore, na qual nossos nomes talhados foram...
Levado por seus lobos até a mais alta colina, ele viu a escuridão, ele sentiu a turva neblina curar seus olhos da cegueira, se sentou e sobre si há mais bela Lua, com seus irmãos uivou, cantou, chorou, agradeceu pela pequena fagulha de luz que seus olhos podiam ver...
Qual o sentido de corpos tão pesados e frágeis mentes? Sonhadores e espreitadores, uma caça silenciosa pelo absoluto vazio... Qual a verdade nas silhuetas e suas sombras?
(Rodrigo Taveira)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ecos ao amor.


Sinto que a encontrei, minha razão está calada, minha mente gira em orbita dos meus pensamentos inacabados e imprecisos, a realidade que enxergo é inversamente da que alguns segundos eu acreditava, posso pressentir algumas sensações que nunca senti...

Fantástico sonho, eis a definição do que sinto ou julgo sentir quando os meus olhos se fecham e o meu pensamento é levado para ti... O que é real? Sensações que tomam formas e bailam sobre mim, uma progressiva canção que não sei para onde me levara.
Tu és a ninfa que habita os rios do meu corpo... O anjo caído que me excita e aterroriza. A Lua a qual oferto meu saudoso lamento, o uivo silencioso enquanto sua luz se reflete no turvo lago que sãos os meus olhos...
Algumas escolhas eu fiz, outras por mim foram feitas, por algum tempo conduzi, por outro fui conduzido... Tudo que se encontra comigo por alguma vez foi perdido, em varias portas bati, algumas se abriram, outras se fecharam e umas não existiam... E de confuso esse teu amor me faz viver.
(Rodrigo Taveira)

terça-feira, 8 de maio de 2012

08/05/12


I- 
Qual o caminho seguir neste paradoxo que se tornou a minha alma, em cada vida, cada história... Se tornou impossível apagar tantas lembranças, marcas, cicatrizes... A realidade me confunde constantemente, eu vejo o que já vi, vivo, sinto o que não deveria sentir... Minhas lagrimas caem pelo seu sorriso e sua felicidade é a minha dor!
Onde estou? Quem eu sou?
Meus olhos se perdem no vazio entro em um estado de perturbação mental... não sei mais, e o que sei não é o bastante!
A sensação de não se estar em casa, consumindo aos poucos e vagando, apenas vagando, sem rumo, sem canções, enfeitiçado pelos céus e fascinado pelo desejo de retornar...
Quem sou? Onde estou?
Um viajante de milhares de caminhos, portas queimarei, paredes derrubarei e o que restara sempre será, portas e paredes...


II- 
Não sei se é uma recordação ou passos silenciosos nos quais perco minha lucidez... Como em um espelho, milhares de eus e uma mesma respiração, milhares de lugares e a mesma foma, um mesmo tempo e variantes espaços...
A canção que ouço, os pensamentos há se misturarem em uma atmosfera de inconsciência, a realidade se transforma em um paradoxo. Me perco em linhas cruzadas, me sinto solitário em uma encruzilhada, no entretanto existem milhares de eus solitários e presos na mesma intenção...
As vozes que além da compreensão nos aprisionam e nos ferem... Por vezes me esqueço e suspenso no vácuo permaneço, inebriante queda! Transformar se em uma gota de chuva, em uma nuvem ou em um raio solar...
Não existe despertar para aquele que não se recorda de quando dormiu... Um emaranhado de energias, essa teia da qual não se pode afastar...
Este é o farfalhar dos gestos, o grotesco gosto de desespero nos beijos apaixonados nas esquinas, a fumaça dos inocentes que se perdem nos nevoeiros da razão...
Acorde! Acorde! Acorde! Tão cedo ou longe, raso ou profundo, perto ou absurdamente distante... Tudo soa como três negativas antes do galo cantar.


III-
Para sempre serei...
Para sempre serei só...
Por mais que detalhes venham a aparecer...
Para sempre serei só nas extensas nebulosas, entre as constelações a me esconder...
Nos confins do universo talvez encontrar, essência metade de minha alma.
Venha voz da indagação, abro meu peito a luz de outrora eras, iluminem! 
Decifra as minhas palavras, conduza minhas mãos como cavalos selvagens, violem a minha razão ou a razão da qual desconheço!

O dia se separa da noite quando dorme o Sol
Para a Lua que no céu se ergue escrevo meu lamento
Das flores que aqui estavam nada restou
Minha morte se deu, bravo novo mundo!

A vida que sucumbe a realidade
Os versos ecoam, rasgando os céus com seus trovões
Ter em si mesmo a eternidade...
O que vejo de mim mesmo, nada!

Sim ser, apenas o vazio de ser
Sim ser, nada!

Transformar musica em palavra  era sublime...
Hoje somente vejo corvos em minha mente em cada nota.
Não sei quanto tempo terei de esperar até enlouquecer de vez...
Tudo é tão lento e mórbido que tal como um espelho velho, o que reflete? Eu não sei!
(Rodrigo Taveira.)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Um passo...


''E o rio se revela turvo, mas transparente... ''

A lamentação diária, rotineira, provável no possível e na impossibilidade. Caminhos que se fazem retilíneos em uma figura de realidades cíclica, múltiplas e divergentes.
Aflogístico lamentar e o tempo que outrora fruto de mitos e canções, agora aliado a verdade se prostra aos pés do caos e suas intenções.
E em nossas faces cansadas e caídas de tanto procurar, por algum motivo, o despertar!
Pode parecer à primeira vista insensatez, mas o que não é insensato caro amigo? Libertar se do medo, medo ao qual é a origem de toda falsa verdade e um caminho de sombras e sem direções!
Razões que cremos que são desconhecidas, razões a quais conhecemos que em si de racional nada possuem... Mas no intimo tudo é revelado e facilmente conhecido...
Cada momento que se passa, cada segundo que se esvanece, perceber se cada vez mais e evidentemente que tudo é tão comum, simples, como uma brincadeira de criança, como o revoar dos pássaros...
Somos moldados diariamente para estabelecer e fundamentar a nossa fé na razão. Dificultamos as passagens, colocamos barreiras, impedimos o caminho com nossas conclusões inúteis e fúteis, nossas atitudes tolas procuraram erroneamente... Cavamos buracos para encontrar o que é o bem e elevamos nossas faces para o alto, na tentativa de compreender o mal.
Mas, o que não sabemos é que estamos além e que a cada momento que se passa, chegamos mais perto, cada vez mais perto e no entanto nada podemos ver!
A realidade é única e ao mesmo tempo fragmentada, múltipla e em desordem, ela nos arremessa ao mesmo lugar, mas por caminhos diferentes. Ela nos molda conforme nossa imaginação que reflete o fragmento do caos em cada um de nos. Somos espelhos a refletir, somos o que o espelho reflete, somos um insignificante e frágil fragmento caótico e nossos infinitos irmãos... Somos a distorção da criação e sua magnífica manifestação, esferas de infindas cores, frágeis e compulsivos. Somos o que se eleva e o que se rebaixa, a turbulência e a calmaria, os sonhos e os temíveis pesadelos!
Somos parte de uma canção composta por energia e sua sinfonia caótica, somos manifestações e contradições, somos as notas que foram compostas pela majestosa sinfonia em instrumentos do tempo...
A cada um que se ache vazio, se preencha... E aos preenchidos, se esvaziem!
Pois o caos e sua sinfonia se revelam a cada novo amanhecer, com suas cores e desordem, amores e ódios, como bons e péssimos pais.
E tudo jaz simples na cova que se refaz, pois o desperto já não mais dorme, a realidade não mais engana, o que outrora cegava te faz ver por sobre todas as coisas... Você tudo pode ser e na iluminação nada ser!
E aos tolos basta à alegria, a felicidade de se alimentarem de ilusões e tolices!
Em verdade, segredos não existem, apenas coexistem com as diversas possibilidades e suas alusões...
Quem compreende cada vez mais ama, pois tudo se encontra em aberto e em constante evolução.

Neblina


Empoeirado é o solo, vaga são as lembranças. Saiba que eu tentei fazer o meu melhor, que ansiosamente esperei pela verdade.
Abandonei tudo, tranquei minha alma em um baú escuro e vazio... Desejei o desejo de retornar para casa, sem sangue nas mão. Sonhei com você todas as noites antes deste dia...
A loucura arrastou me ao abismo e sua voz se tonou um vendaval a derrubar as folhas das arvores, hoje nesta colina onde me ajoelho, onde um alto preço foi cobrado... Os raios do Sol se tornaram navalhas e carrego as nuvens enquanto rastejo no sangue dos meus antepassados...
Por favor, olhem as cicatrizes que se espalham e sangram e que não se fecham com tempo.
Meus olhos avistam as torres em chamas... Deus onde estivestes esse tempo todo em que andei enfeitiçado pelas duvidas?
Minhas mentiras e contradições são como areia em pote de vidro... Não vejo nada além de fantasmas por entres a pedras, um infortunado filho perdido na tempestade... Perdedores e sonhadores em um mesmo amor, atormentados pelo tempo e vendados pela ilusão.
Onde me perdi, em qual ponto nos perdemos... Onde esta o caminho?
Quando recordo me do que não me lembro, do que não vivi... Estar sentado na margem do rio vendo meu coração ser levado com a correnteza, sentir meu espirito se misturando as gotas de chuva... Ver os céus se abrindo e eternas mãos a me apanhar, como uma inocente criança a arrancar pela primeira vez o doce e maduro fruto...
Os dias me sufocam, as grades me ferem, minha divida com os céus e comigo mesmo não é bem vinda... Ser obrigado a fragmentar o meu ser e me perder, esquecer de quem sou?
Oh Senhor, abra se uma janela por só e somente uma vez, para que eu possa ver, para que eu possa voltar a vida! Assim como a semente esquecida na seca germina quando o espirito da chuva vem lhe abraçar...
Tudo me entorpece e ilumina... Esse casulo não é minha casa, essas falsas emoções não são a sombra da minha alma. Eu vejo por uma fenda, um reluzente lugar cuja a terra é branca e as montanhas de cristais, onde além tudo se torna sem forma e vazio...

06-04-12


O ciclo de cinco singelas notas... Um pianista inebriado pela lua, sangra e em sua alma uma paz dormente, obtusa, trágica... Atravessa e repassa, arranca e folheia...
A fumaça de seu cigarro turva lhe os olhos, se acelera o compasso, nasce a fúria solitária sem compaixão e gloria.
Os corvos na janela não o deixam dormir, ele se levanta a gritar e amaldiçoando os céus... céus que cinco segundos após o responde, com raios e trovões...
As alucinações tomam conta daquela alma como um eclipse inesperado acorrenta os olhos de uma multidão!
Se transporta, reedifica e transcende... O uivo sincero e a caçada repentina, correr por entre venturas e corredores de grandes arvores, vivas!
A respiração repete o compasso, o coração vibra com cada nota, como em um redemoinho de borboletas em frente ao Sol...
O vazio e suas perguntas o digerem como uma serpente... Enquanto lentamente se estabelece a harmonia, em seu lado esquerdo escuras almas em busca de luz, ao seu lado direito iluminadas almas em busca de lembranças...
E nas catedrais vazias e empoeiradas recordação de um lamento por entre vitrais e estatuas...
A alma arranca suas vestes gastas pela eternidade e renasce, pura, límpida, milagrosamente silenciosa.