terça-feira, 24 de agosto de 2010

Diálogos das sombras. (7ª parte)


Sophia.

Há longo tempo atrás, vieram-me por intermédio de uma Sombra, as palavras de um antigo amante de Sophia.
Palavras que eram frutos de um desejado mundo das idéias, tais palavras diziam:

__ Saiam todos, saiam agora! Abandonem suas cavernas. Vejam a luz, concebam a luz, vivenciem a luz. Nesta caverna em que habitais o que além de siluetas luminosa podem ver?

Após ditas estas palavras me senti extremamente curioso em relação a tal luz. Luz que apenas por feixes e frestas podia contemplar. Tomei minha decisão e parti em direção a luz.
O vislumbre grandioso, a magia das formas, sensações novas e o espetáculo de um mundo de milhares de sóis e cores...
Passei anos neste mundo novo e após refletir em demasiado cansaço, resolvi a caverna voltar. Após conseqüências cheguei à conclusão, a antiga caverna voltarei!
Anos após esta experiência a mesma figura sombria se apresentou a mim e questionou me:
 
_Porque voltardes? Todavia não é na luz que se encontram todos os tesouros de Sophia?

Permaneci horas em silencio e com um suspiro profundo a Sombra respondi:

__ Meu caro amigo intimo, que a muito estais a me acompanhar, decifrei teu segredo e compreendi, recebi das idéias o sigilo e aprendi o caminho das amarras das eras...
Fora da caverna as idéias estão livres, com suas cores e formas fugindo uma a uma daqueles que a tentam capturar...
Na caverna é onde nascem. Nascem do pleno vazio, na escuridão das cavernas as idéias são virgens, puras e iguais, mas, possuem todas as suas modificações e transmutações contidas em sua essência primeira. Uma vez conhecido o segredo dos olhos deste sigilo, pude novamente da caverna sair. E contemplei que as mesmas idéias que da minha ânsia por saber fugiam, desta vez vieram até a mim, de forma organizada e desejável levaram me ao leito de Sophia, que nua em sua cama exala perfeição e paixão. Levantando se veio até o meu encontro, ofereceu me uma espada de dois gumes e um véu manchado de sangue. Quando a eles toquei, instantaneamente viraram pó, e de sua presença fui retirado...
E novamente com um sorriso sarcástico, a Sombra falou:

__ Faltou te prudência, faltou te coragem. Se um dia, o qual distante está, estiveres novamente em frente à Sophia, recuse a espada e não toque no véu. Apenas com ela se deite, e a ame!
Se há conhecimento em ti, a espada é a dualidade e o véu o sacrifício...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Diálogos das sombras. (3ª parte)


... A tristeza caro viajante destrói as amarras do tempo. Atenta ao que digo, longe... Em um local aonde certamente não chegaras, vive, sim vive! Uma mulher que ciclicamente viverá...
A tristeza possui essa sutileza, este poder e disso pouco sei peregrino. Ela desconstrói o tempo, torna tudo lento e sufocante. Uma cicatriz que não se fecha e uma alma acorrentada com correntes que de tão forte, nem mesma a fúria do tempo é capaz de desgastar...
Pergunte me viajante, se há cura, salvação?
Direi te, suba em silencio até o ponto mais alto desta montanha que lhe mostro, olhe para o precipício e deixe ele olhar dentro da tua alma... Você pode fazer isso? Se voltares e descerdes a montanha, estarás salvo!
Se te precipitares e na boca do abismo descer. Certamente estarás aqui amanhã, no mesmo lugar esperando outra sombra a lhe aconselhar...
Sábio é que continue seu caminho pois, os olhos do precipício são desejáveis e sua boca faminta, não há de se fartar!
Dê a volta, volte a caminhar!

Certas palavras.


Nada é impossível quando se busca o desconhecido... Minha mente se mostra mais confusa do que pensei!
A cada um basta a sua dor e o seu caminhar! Melhor é deitar uma vida inteira em uma cama de espinhos e se conhecer, do que uma vida no conforto e morrer em uma suspensão insignificante.
Agora me vejo deitado em uma cama imunda, ao lado de uma mulher cuja dor e a tristeza podem sentir sua carne desprovida de alma...
O meu corpo não tem reação e me sinto cansado, não mais triste e nem angustiado...
Sinto-me paralisado, como um rato que recebe o veneno da serpente...
Antes havia orgulho, agora não mais! Pensei que sabia o que estava fazendo, mas percebo agora que absolutamente nos perdemos, ou, definitivamente nos encontramos.


__ Apenas um detalhe pode mudar tudo e transformar o que é absurdo na semente de salvação.

Doravante eu pudesse voltar ao útero de minha terra mãe...
Durante o tempo, durante o tempo que resta, que resta ao vento soprar, soprar contra ao vento...
Tirar do relento alguém que nunca teve um lugar para repousar...
Soturna escuridão, escuridão soturna... No seu tempo e em seu momento!
Em situações mais normais, normais situações... Absurdas!
Em erros do passado, do passado os erros e acertos para o futuro?
A solidão que para muitos a face entristece, para outros traz refúgio e alívio.
Uma alma se fadiga e morre de tanto chorar... Ao mesmo tempo, uma alma prestes a enlouquecer por tanto sonhar.
Há verdades que para muitos são mentiras... Mentiras que para muitos em suas vidas só fazem parte, parte do tempo, parte do momento! Talvez um pequeno soprar do vento na face do destino...
Nos livros que foram escritos e que se vão escrever...
Em muitas palavras, de homens que nunca deixaram de sofrer.
Fazer do pecado santidade, buscar a santidade em pecado, da loucura à inconveniência da perfeição.
Com as rosas e seus espinhos, com minhas mãos uma casa construir.
Passei em uma era, vidas ali... Então me levantei e fui embora!
Quando voltei, somente galhos secos encontrei da historia que fiz... Tudo secou, morreu!
O tempo me levou tudo... Do que me resta tiro a conclusão, de que desta vida desgraçada o que me resta de quase nada, é somente a ilusão!

__ E ele olhou para mim quando estava em frente ao espelho.

O Olho.


Nossa vida é feita à neblina, que em calamitosa e sombria noite, se aflige e estremece ao sussurrar dos seres que nas sombras se escondem, esperando um momento de descuido.
Nossas são a vontade que exala o odor de podridão, grandes almas covardes!
Existem duas torres; uma da vida e outra da morte e a grande verdade é que no final as duas se corroem no mesmo jardim.
Um momento é o bastante para que a alma arrependida se converta em luz!
Um momento é o bastante para que uma alma se corrompa e se torne na mais pura escuridão!
Vigiai é o que diziam os grandes sábios... Um homem que esta sempre em vigília não pode ser tomado de si mesmo e ter sua alma roubada por migalhas. Um homem que vigília saberá o momento exato em que as figuras tenebrosas o tentarão e ao invés de corromper sua alma convertera as trevas em luz... Vigiar é tudo, até mesmo as serpentes vigiam! Os tolos são como pombos apanhados em pleno vôo... A natureza é o perfeito guia para os homens.
É necessário zelo, prudência ao se caminhar. Buscar o desconhecido é um caminho de duas direções, ambas o levaram ao mesmo lugar, o que a de variar é a loucura e o sofrimento.
Compreender o inicio é a chave mestra para perdemos o medo do fim.

domingo, 22 de agosto de 2010

Uma torpe visão.


Ao amanhecer de um dia qualquer, abriu os olhos e o sol feria sua pele e os cães lambiam suas feridas infeccionadas. Seu nome não lembrava e nem onde estava, e o que era? Não mais!
Passavam se as horas e não se movia com o tempo, a fome, suas feridas, nada pareciam incomodar. Angustiava-me ver tal figura, em silêncio ficava e não se movia. O que talvez me ocasionasse tanta dor e sofrimento nele nem se refletia e para meu espanto e terror, por vezes o via sorrir, como se soubesse que eu o observava. Os olhos esbugalhados, vermelhos, sua pele suja, seus cães imundos, feridas que não se cicatrizavam, como se ele as tivesse por toda vida... Chegou se a noite e me retirei.
Ao amanhecer não abriu os olhos, a chuva caía sobre seu rosto, os cães sumiram como se nunca houvessem existido, uma respiração fraca e sutil naquela carcaça imunda, minha alma foi invadia por um horror e medo inexpressável. Naquele momento tomei-me de coragem e me aproximei um pouco e mais, ele estava morrendo... Cobri meu rosto com a camisa, pois um fedor insuportável de fezes e urina me provocava náuseas... Algo em mim pedia para tocá-lo, mas incessantemente recusava-me.
A respiração parou, já era entardecer, me questionava o porquê de tudo aquilo. Era estranho, comecei a achar que estava sentindo prazer no padecer, no falecer daquele homem ou daquele ser. Lá estava eu, não sabia mais a razão pela qual o admirava, sentia perdido, solitário, sem vida, cansado...
Já era noite quando me afastei do corpo daquele que há dias observava, me sentia vazio, possuía a certeza absoluta que nunca mais aquela face de sorriso fantasmagórico veria. Um silêncio fúnebre tomara conta de minha alma, meu espírito se rebatia, minha razão me abandonara. O que eu era? Não mais sabia!
Naquela noite me fechei em casa, sentei em uma velha poltrona, fechei os meus olhos e esperava que nunca mais eles se abrissem, me sentia demasiadamente insatisfeito, minha respiração era fraca, minhas forças faltavam... Adormeci.

O que é esta vida que se desfaz?
Seria ela parte de mim?
Ou seriam elas as minhas dores a se refletirem?
Na escuridão o homem que dorme
Torna-se aos poucos uma estrela errante,
Vagando sem olhos e faminta.
Definitivamente, a droga mais forte que existe é a realidade!

08-

Livre e um drama espectral. Fato dissimulado sobre perene fabula de si mesmo.
Vontade de e por poder, escamas cruzadas encobrem o ser. Um falso entre os tolos, um sonho ludibriado em um paradoxo existencial.
Caminhando entre aqueles que representam o rebanho. Sentidos fulminados perante a precedente manifestação essencial.

Quando, em uma tentativa parcialmente suicida, tentamos observar e compreender a fisiologia social. Deparamos com um sistema frio e deficiente, com vermes no controle e homens intestinais.
Visualizamos o matadouro e suas vitimas, ouvimos os gemidos de agonia e a soberba arrogante a declamar seus versos fecais.
Preces. E a amplitude da insensatez ecoando em cada habitação.

A armadilha esta posta! Os homens são tolos; sucumbem todos em suas contradições. Amaldiçoam todos os próprios e débeis corações...

Diz o gênio ao caminhante:
__ Falta existência em tua razão, e questionamentos a moral que pregas!
Rodrigo Taveira.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

07-

''É quando se fecham os olhos e o corpo se desfaz... ''

Meu amor do amanhã se afaste de mim, afasto-me de ti... Sem lagrimas e saudade!
É mais um sonho de realidade. Outono dos sentidos.
Ver a angústia e a solidão aumentar em sua mente, e distrair-te do teu caminhar.
Os anseios como em uma grande fornalha lhe queimam? Podeis perceber de onde eles vieram?
É mais um sonho de realidade. Outono dos sentidos...
A vontade se torna cruel, o silêncio lhe confunde as sensações, o vento pálido lhe estremece o corpo?
Destoam-se as notas, sussurram mentiras aos seus ouvidos e as paixões se tornam amargas?
É mais um sonho de realidade. Outono dos sentidos.
Você pode ver uma fina camada de gelo, por sobre as águas que repousam sob o rio?
É mais um sonho de realidade. Inverno dos sentidos.
Quando o canto dos pássaros não se ouve mais, e onde a cor é tomada de um triste cinza.
O pálido céu a guiar os seus passos, somente estrelas em seus sonhos em retirada...
Belas canções a ecoar versos de uma verdade melancólica. Sinfonia tocada por seus sentidos abalados!
Você pode ouvir?
É mais um sonho de realidade. Inverno dos sentidos.
Uma linda dama nua de lábios macios em seu leito, envolta de uma leve camurça vinho acentuando os seus seios pelo frio.
Você se assenta em uma poltrona qualquer e o universo se expande naquela visão, os astros fazem parte da sua alma e um vórtice de pensamentos consuma a sua existência?
É mais um sonho de realidade. Primavera dos sentidos.
Abra os olhos e apenas contemple!
É mais um sonho de realidade... Verão dos sentidos!
... Se um dia encontrar-me, decerto não serei eu!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Nada é sagrado quando ninguém é salvo.


Ao ponto de ser a si mesmo a súbita resposta da necessidade pelo sentido da vida, e entregar tua própria alma as corruptíveis razões do mundo, do destino e seus íntimos passos, contemplando em seu sangue a imagem invertida do reflexo de uma sociedade totalmente perdida.
Ele levou o pensamento corpóreo ao mais alto nível espiritualístico, fazendo em si o que o mesmo dizia de retomar a glória, retornar ao principio fundamental para alcançar o final precedente. Realizando desta forma a desconstrução da realidade e o início de uma vida infinda, em um contexto precedido de uma realidade fantástica em um universo desconhecido...

O Nascimento de um estranho mundo novo
Após séculos e séculos de lágrimas,
Poderia eu achar o tolo que foi longe demais?
Veja novamente, dê outra volta... Silencie teu ego!
Não fiz eu com que o ódio ficasse para trás?
Nada é sagrado quando ninguém é salvo?
Por uma cidade desolada fui rejeitado,
Meus filhos se converteram em uma amorfa perda de esperança!
Nada é sagrado quando ninguém é salvo?
Dentro do espectro mentiroso que se intitula rei,
Dentro do cálice sujo onde se toma o vinho,
Onde podemos encontrar a dignidade?
Nada é sagrado quando ninguém é salvo?
Percorro meu horizonte enquanto o azul se torna negro...
Insignificante eu sou! Sim sou!
Se nada no mundo mudar, nossos filhos herdarão o nada?
E decerto profetizarão:

__ Nada é sagrado quando ninguém é salvo.


... Ele era o filho mais velho, de uma família faminta, de um lugar qualquer, o seu nome realmente não sei, mas sei o que ele foi, o que ele é e o que em breve será!

Ontem ainda era dia, dei um tiro para o alto... Esperei por fadigo tempo, mas a bala não retornou.
Eu esperei tanto por você!
Ontem ainda era dia, escrevi o seu nome em forma de versos e depois o queimei... Esperei por fadigo tempo, das cinzas nada tirei.
Eu esperei tanto por você!
Ontem ainda era dia, eu gritei o teu nome... Esperei por fadigo tempo, tua voz da solidão não ecoou.
Eu esperei tanto por você!
Ontem ainda era dia, eu fixei os meus olhos no céu... Esperei por fadigo tempo você não me reparou.
Eu esperei tanto por você!
Ontem ainda era dia, você apareceu... Esperei por fadigo tempo, lhe virei às costas e lhe disse adeus!
Eu esperei tanto por você?
Ontem ainda era dia, você nunca esteve a minha espera!
Rodrigo Taveira.

Eu o vi e ele me chamou pelo nome.


Um sábio contando historias sobre o fim, de roupas sujas e em fiapos. Aproximei-me então com os olhos dilatados disse-me:

__ Estúpido e desgraçado homem! Sei o que queres, sei para onde tu estás a ir... Feche os olhos e apenas ouça minha voz.

Tu estavas em um sonho de realidade, transcrevendo suas verdades, em papéis velhos e sujos, por certo os mais puros, mas longe de chegar a algum lugar.
Olhavas para o alto, estavas em alto mar, por sobre si um céu azul onde as gaivotas profetizavam seu destino, o céu e o mar, tudo estava a cantar!
E por toda sua viajem nunca esteve só, apesar da solidão ser o único sentimento latente em seu corpo.
Ouça agora e atentamente, pobre homem das camadas inferiores, esta é uma canção que afasta o sono!
O sono de realidade, tu olhavas o sol e nada podias ver e o sol ria de ti!
O mar balançava seu pequeno barco, e como um tolo permanecias atônico como um verso de estupidez, escrito de um tolo para os tolos.
Então o mar parou, ficou calmo, parecia flutuar!
Esta é uma canção que afasta o sono, atente para o que te digo e incessantemente repito dia após dia, noite após noite, vida após vida...
Este é o sono de realidade, a vida e a morte os dois braços da mentira que por eras de sofrimento, conduz os homens ao erro e ao engano.
Por mais que as ondas te cubram e te faça afogar, se despertares saberá o que fazer... O teu deus não fará por ti, os anjos nem se lembram mais, se encontrão em decadência e catatônica vontade!
A verdade? Se em algum lugar ela existir, há de existir dentro de ti!
Mas não ei de ti enganar pobre e perdido homem, sempre estarás triste... Por quê?
Navegue nas águas turbulentas de sua mente! E faça com que elas se acalmem e então verás o fruto do despertar!
Agora basta o seu caminho seguir, nada examinar, nada a se pedir... Pois nada é digno de apego e até o teu caminho é uma ilusão.

Com gargalhadas se afastou e deitou-se no pó, e em um abraço de fúria a terra lhe engoliu, se fazendo do lugar pedras e desolação.
Rodrigo Taveira.

06-


Perto da morada tem um lago, neste lago há um tesouro!
Talvez um dia eu chegue lá...
Perto do lago tem uma morada, nesta morada há um tesouro! Encontrar-nos-emos!

Sentado na janela do primeiro amanhecer esperando o primeiro raio de luz... Nascido sobre a quente areia do deserto. Filho de uma estrela cadente e o fogo celestial. O amanhã que se veste de eternidade, transbordante vida sobre as moribundas cabeças, reaver as asas que foram devoradas com o medo e a escuridão. Às estrelas hão de voltar a brilhar, derramando lágrimas e abundando alegria.
E tudo há de se tornar uma forma apenas... E abandonada somente restará à solidão!
... E bailavam os anjos nos céus!
E na terra os homens derramavam suas lágrimas sobre a seca carcaça de seus filhos,
De suas almas cansadas de dor...

São abundantes horas de reflexão sobre minhas contradições e insignificância. Porém não me esqueço dos momentos de orgulho em que me comparo a um rei.
Eu abandonei meus amores por um amor maior... Mas guardo toda a rosa em meu peito, antes que a morte se aproxime e enfim liberta-me para todo o sempre!
Ele retirou as cortinas, abriu as janelas, mas a luz não quis entrar...

As contradições aumentam em um ritmo insuportável, sei que me engano ao sentir.
Pois bem sei que muitas vezes a minha razão me enganou, afligiu e ludibriou. São poucas resposta, respostas aflitas tal como um pássaro cansado mo meio do vasto oceano querendo pousar.
Indesejáveis perguntas as quais creio que haja apenas uma resposta, talvez uma canção que desconheço. Uma vontade metafísica que de um turbilhão de questões nos subjuga como escravos, que fugindo eles do seu dono são capturados, açoitados, condenados e mortos.
... Então dirá a sombra ao gênio: Queimaremos por um tempo, e então seremos cinza!

No dia de amanhã o rio irá correr de acordo com o principal sorriso, destinado ao menino que havia olhado o verdadeiro segredo, e compreendido o real significado da descoberta de ser.
Verdade que se entrega ao medo pôr não conhecer a grande força das águas que alimentam as ondas do universo desconhecido dentro de nós, e por onde navegam os profundos desejos da alma humana.
Em dias longos e em sonhos pérfidos, em longos sonhos e em dias pérfidos. Possíveis respostas em perguntas opostas, possíveis razões em situações de loucura, nesta era em que os mudos nos falam a verdade e em que os cegos nos indicam o caminho, vale de ossos podres, onde o medo é dado como coragem.

O sol em minha mão tornou-se o meu desespero,
Pois há uma legião que almeja a verdade.
Faço-me de tolo ignorante na sombra do desdém,
Gerando ao demônio sua decepção sem olhos.
Paixão que queima e me consome as entranhas,
A dor nasce de memórias de prazeres díspares e puros.
Mas alimentando aos que na morada habitam,
Bondade e abrigo eles concedem!
Constelações onde se pode parar o tempo e beber o êxtase...
Cessado o prazer só restará o vazio e a escuridão!
O que o amanhã sabe não se pronuncia?
São os olhos do pecador que se abre para as trevas dissipar!
E a legião falará e a amaldiçoara o mundo dizendo aos tolos
Eis a fortaleza dos inimigos da realidade!
E em algum momento todos verão a forma do amanhã
E nesta visão aterradora, talvez ouçam o nada a seus nomes clamar!
E em contemplação irão de orar e encontrar o próprio vazio...
Assim conhecerei o caminho a seguir e quais paredes derrubar,
E compreenderei que todos nós decompomos, mas,
Que aqueles que compreendem o despertar,
Dos braços da morte escaparão...
... Lembro-me como se fosse hoje, ainda havia rosas no jardim e dos espinhos jorravam mel.

A cada passo que dou, em cada singelo espaço de tempo que me sentei e em reflexão entre o que pronuncio de estar e não estar... Estar em fluxo contemplativo da realidade, observando aquilo que se autodenominam esferas, onde o sentido da palavra é evidente pela concepção subjetiva que cada individuo possui sobre a realidade que o rodeia e o universo que o anima.
Evidencio que o espírito que nos vivifica desde o principio caótico, assim como todas as coisas somos frutos de mudanças e contradições, mostrando que quanto mais nos aproximamos de um fim desejável maiores e mais confusas serão nossas respostas e direções. E é fundamental saber que os que são confundidos, esses sim estabelecerão a ordem de todas as coisas.
Rodrigo Taveira.

05-


O significado, sigilo dos olhos da ave em chamas.
A morte do corpo; o respirar do espírito...
Posso contemplar um palácio, e ao adentrar estremeço perante a fornalha. O Salão oval feito de espelhos, e no centro desta majestosa sala, suspensa esta uma grande esfera de infinitas cores. Ao redor da esfera, línguas de fogo lambiam e acariciavam os seres que se encontravam adormecidos em seus tronos.
E estando eu face a face, com hipnótica visão a qual me fazia entrar em transe, por cada fenda na realidade refletia a dimensão das dimensões. Foi quando ouvi o despertar dos seres que me chamaram pelo nome, e fizeram uma inscrição em minha mente e disseram-me:

__ Reveja o passado e a morte se unindo! Sucumba ao poder do fogo e contemple conosco o renascimento de nosso filho.

Então vi as escamas caindo dos meus olhos e o fogo entrando em meu corpo... Nasceu o segredo das luzes!
Uma ave trasbordando gloria e majestade rompeu a grande esfera, e trazia consigo o sol a serpente e a espada.
Rodrigo Taveira.

04-


Caminhando bom espectro...
Andarilho entre dois mundos
Na fronteira imperceptível da visão

Milhares de vozes em sua mente
Singelos sonhos em radiantes estrelas
Somos muitos em um corpo nu.

Caminhando bom espectro...
Batizado em sangue; seu olhar tenaz.
Expulso de seu majestoso palácio.

Sétimo filho da sétima virgem,
Em seus olhos bailam a paz e a discórdia
Exaltando o amor ao ódio, a gloria.

Caminhando bom espectro...
Seus olhos simbolizam o martírio e a vingança,
Historia escondida na memória.

Delírios dos pais das eras,
Muitos são os fantoches famintos
No espetáculo que se denomina vida.

Caminhando bom espectro...
Roga as suas sombras compaixão
Na nebulosa fome de solidão.

Altos vales, cinzento horizonte.
Atravessarei a ponte do arco íris
Para a morada dos deuses.

Se o céu é azul, longa será minha jornada.
Leve-me a essa caçada?
Onde a presa sou eu!

Minha vida em perigo?
Comigo mesmo corro risco.
Só na vida, somente eu.

Gênios dos meus sonhos, sonhos que sequer sei se são meus...
Grande mestre dos sonhos, sonhos teus!
Elevo minhas mãos aos céus, pois minha matéria logo se desfragmentará,
E o meu coração não teve um só dia em que não esteve a sangrar.
Rodrigo Taveira.

03-

E as vozes abissais ecoavam, por, sobre as sombras dos homens além de venturas e figuras sombrias com olhos angelicais.
Perspicaz ele chegou até a hora que alem das profecias deixaremos de sonhar e como um conto perdido do passado sentir o êxtase do fim das promessas. Solitariamente e estático em frente ao portal... Pensa consigo; o que há alem? Vidas a se findar ou resquícios de esperança para recomeçar?
Feito um rosto entalhado em madeira, marfim e barro, está o mistério e a mentira que nos separa do fim.

A vida é um verso assombrado por suas canções melancólicas e vazias. Um anjo sem asas e trancafiado, implorando perdão sem ter pecado.

O Sol está dentro de mim, à luz me pertence. Os pensamentos são a essências da tortura, e a busca pela verdade não trará respostas, não existem respostas somente duvidas.
Somos miseráveis nesta busca cruel e interminável, por um fragmento de verdade e nobreza. Enlouquecidos amassamos barro para uma mascara, que seja justa, real com nossa essência, porém tudo que conseguimos construir é um monstro horrível que reflete a ilusória percepção da nossa personalidade.

A força do mistério tem a sua origem em nossas fraquezas; o conhecimento e o sofrimento crescem proporcionalmente. Quem é forte o bastante para suportar uma dor inimaginável...
Não há quem consiga suportar a dor após sua alma ser dilacerada pelas duvidas... Não haverá sombras suficientes, para lhe refrescar no inferno do conhecimento.

A chuva apaziguou o desespero febril. Ouçam a canção em ondas de radio, transmitida desde o primeiro segundo da criação, elas ecoam incessantemente o principio, o nascimento do tempo e do espaço.

A criação é a completa manifestação da não criação, e mesmo assim todo o trajeto do universo estava contido em seus mistérios. Que soberana vontade conhece as regras deste jogo e nos permiti enlouquecer? Somos essa soberana vontade, um paradoxo caótico e tremulo ao correr de nossas horas.
Rodrigo Taveira

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

02-

O magnífico Ser há de vir de uma explosão, e repousara no vale dos reis. Sobre as correntes dos escravos ordenará:
 __ Livres!
 E após, proclamara aos quatros elementos primordiais que se transformem em uma única força, tal como eram segundos antes da grande explosão... E eles serão como um cristal a refletir todas as dimensões.

Eu vejo nos céus o passado;
Eu vejo nos céus o presente;
Eu vejo nos caminhos do destino o futuro!

O homem é a extensão do universo e em sua capacidade mental está todo o conhecimento da criação... O deus dorme até a hora de despertar.
Não aprendemos nada nesta vida, somente recordamos e trazemos a tona nossas lembranças adormecidas.

Eu vejo nos céus a vida;
Eu vejo nos céus a morte;
Eu vejo nos caminhos da criação a expansão e a vontade!

Tudo que há acontece ao mesmo tempo. O tempo é inútil quando se trata da vida.
A morte é estar vivo, morrer é estar vivo... Nossa transmigração se da a todo o momento entre os sigilosos caminhos.
Os nossos sonhos é o mais próximo do vislumbre do que seja real.

Eu vejo nos céus o meu próprio eu;
Eu vejo nos céus o nome e a queda da grande cidade;
Eu vejo nos caminhos da vida o renascimento!

O ultimo anoitecer após a morte de todos os deuses, tudo tem o seu fim?
Cavalgo entre as pedras preciosas da coroa do rei enquanto ele se faz de tolo, fingindo não notar minha presença. Diz ele em seus pensamentos:
__O universo será em sua essência liquido novamente, onde enfim repousarei.

Eu vejo nos céus o grande colapso;
Eu vejo nos céus a reconstrução;
Eu vejo nos caminhos da morte a inocência!
Rodrigo Taveira

E o rio revelou-se turvo, faminto...

Após uma eternidade de insanidade
Um dia de rosas vermelhas e ao anoitecer,
Palavras e lapides no jardim!
Sangue por sangue, lagrima por lagrima...
E os lábios do tempo, em um suave bocejo
Deixa escapar o odor fétido do fim.

O lamento silencioso dos filhos de Deus que se debatem pelas pedras deste santuário, embriagados pelo sangue e a moral retorcida de seus velhos hábitos. Um profundo abismo de estrelas solitárias com a qual a morte brinca, provocando-os sempre voltam ao mesmo lugar.
E em poucas faces cansadas de dor a procura se cessa, e o sol se torna em plena escuridão ante o despertar.
Pode parecer à primeira vista insensatez... Liberte-se do medo! Há razões que cremos que desconhecemos, mas no íntimo tudo é revelado. Por dias esvaecemos e evidentemente somos silenciosamente tragados. A origem da dor manifesta se na ignorância e no desejo de se apegar em tudo que é perecível e corrupto.

Morte, elo e vulto de boas novas.
Petrificados são os olhos que vida a vida,
Cavam e sepultam o próprio corpo.
Asas cansadas e sonhos líquidos,
Mártir, o corte vocifera impune
O real sangue da imaginação liberta.


Anunciado deste a terra de mananciais, ao deserto negro de pura energia, a força de antigos cultos que dia após dia, realiza seu misterioso rito por cada mente sóbria do universo, que em aflitos espasmos se caracteriza na visão da grande construção. Piramidal obra de infindos olhos.
Repetidamente dificultamos as passagens, colocamos barreiras... Cavamos abismos para encontrar o que é o bem, e elevamos nossas faces para os céus na tentativa de compreender o mal.
Mas o que não se compreende, é que estamos além... E que a cada fração de segundo que esvaece, chegamos mais perto e cada vez mais longe, mas aos tolos nada se pode discernir.
A realidade é única e ao mesmo tempo indefinível e múltipla, como um labirinto nos confunde e tem por estrutura a perdição, por caminhos diferentes guia a todos a salvação, a essência que renasce e aniquila. Majestosamente ela nos molda conforme a luz e as trevas que se reflete em cada um.

Somos espelhos a refletir,
Somos o que o espelho reflete...
Insignificante fragmento do caos,
Estrelas envoltas por criação.
Canção e distorção do nada
E suas esferas de infindas cores!
Rodrigo Taveira.

01-

O santo que se eleva e em sua santidade se perde da salvação, o pecador que se afunda e em sua queda enfrenta o demônio faminto de sua alma. A turbulência e a calmaria. Somos uma sinfonia de notas menores, caoticamente plantamos nossas sementes dia após dia.
A cada um basta o próprio mal dia após dia, e lentamente o seu vazio encontrar.
Portais com suas cores e desordem, por onde poucas estrelas marcharam para a grande hora, o crepúsculo dos deuses!
Deixo bem claro que não escrevo verdades nem ficção. Sanidade e loucura rezam como Deus e o Diabo, como personagens de um poema primeiro, de uma derradeira fonte que despertou com o primeiro olhar, do primeiro animal para si mesmo.
Que seja claro que nem tudo o que os olhos podem ver deve ser levado em consideração, mas que as visões dos primeiros versos são o segredo e o alimento do homem, em seu despertar.

Belo como o desperto que já não mais dorme,
A realidade que não mais engana.
A vigília que te conduz por sobre todas as coisas.
Tudo se é, tudo se pode ser.
E aos tolos, dia a dia a tolice contemplar.
Compreender é amar, amar cada vez mais.
Rodrigo Taveira.