sábado, 6 de outubro de 2012

Madrugada


Insone a alma se encontra, em silencio a mente busca as respostas... O vinho percorre o corpo e encontra uma porta, o observador se surpreende: __ Não pode ser! Por quantas vezes o mesmo caminho ele percorreu e não havia nada ali.
O calor e o sentimento que o mesmo evoca, a porta se abre e o observador caminha ao encontro de tal estranha surpresa, ele se pergunta: __ O que será? 
Ele atravessa a porta e as luzes se acendem, um agradável cheiro o entorpece, uma doce voz mais a frente... Sua mente o questiona: __ Quem será?
De costas,  nua e com os seus longos cabelos de sombras, ocultam, revelam... Ele vê a Lua amarrada naqueles fios, a sua transpiração, cada gota sobre sua pele se revela como um infinito céu estrelado!
O observador a contempla mas ao mesmo tempo a teme, ele sente que ela pode acordar o lobo, o xamã, a inspirar aquele que corre ofegante por entre as colinas...
Ele se sente perdido, confuso... Temeroso pelo seu coração, pela sua alma... O medo tenta tomar o controle mas ele esta atento porem imóvel, ele não consegue se mexer, esta em transe! Sua mente transborda, sua intuição se afiando com seus instintos... Ele se aproxima, lentamente, aquela vibração. Ele já sentiu antes, mas recusou que pudesse ser verdadeira... Novamente ele há encontra, após a tempestade!
O cheiro dela o faz tremer... Seu corpo se contrai, ele deseja correr, sem rumo, para bem longe...
Aqui e agora ele se repele, até mesmo a escrever... Por quanto tempo? Ela o constrange, mas ele deixa de relutar e a face dela ele quer ver... Com os olhos fechados ele a toca e sente uma corrente de energia atravessando o seu corpo, milhões de sentimentos em apenas um segundo, então ela se vira!
Ele sabe quem ela é... Sua realidade se desconstrói, sua mente lhe diz: __ Confuso!
Ele se afasta e pergunta: __ O que sabemos daquilo que sabemos? Quando sentimos o que é verdade e ignoramos?
Além do caos que minha alma se encontra, mais quebrado não fui em outra vida, pois bem e agora?
A Lua no céu esta vazia e de algo me recordo, que é bem nessas horas, nesse instante que é  agora que alguns segredos tendem a se revelar...


Rodrigo Taveira.

domingo, 30 de setembro de 2012

30-09-12 | 02


Em um estado dormente percebo a dor que dilacera alma, não importa quantos sonhos se podem realizar, nem quantas riquezas encontrar... Cercado de amigos ou em um profundo isolamento.
Religiões e passos no escuro, santificar se ou se tornar o maior dos pecadores? Dar tudo que tenho, até mesmo o meu folego de vida, nada bastaria, nada preencheria o vazio... Como um buraco negro, nada pode saciar.
Por muito tempo busquei preencher a minha vida tentando sufocar esta cruel dor, nada, absolutamente nada além de uma singular percepção pode ameniza la...
Percebo que buscamos a dor, a guerra, o sofrimento, não por tolice mas por necessidade, alguns de nos precisam cair ao ponto de que gemendo e em plena escuridão vislumbrem o que outrora viram tantas vezes e se curem da ingratidão...
Reparem, pensamos que temos tempo, que vamos acordar amanhã e assim por diante, prontos para cegarmos perante os sinais e desgraçarmos tudo e todos novamente, pois amanhã ainda é tempo...
Planejamos, maquiamos os nossos rostos e erroneamente acreditamos que seremos melhores amanhã, ficariam surpresos todos que assim pensam se vissem que não existe um amanhã, tudo que existe é andar em círculos em dor e sofrimento, torturam se a si mesmos...
Aceitar o vazio, ele faz parte da singularidade que somos e que tudo 'é'...
Aceitar que não existe mudança, que nada que se possa imaginar pode mudar ou preencher...
Aceitar que a liberdade é um estado que somente é experimentado internamente, sem luta e em plena serenidade...
Aceitar que todo o nosso desejo é fruto de uma imagem ficcional, essa fome insaciável do ego...
Na verdade não temos tempo, o mesmo somente é mais uma ilusão da mente assim como essa dor que nos dilacera infinitamente...
Abandone sua mente, sinta seus pensamentos mentirosos se fragmentando... Vislumbre uma pequena carruagem guiada pelo amor, incondicional.
Se torne sensível com o teu próximo, perceba que ele faz parte de você... Celebre a vida, aqui neste momento pois é tudo que tens, tudo que é real!

Rodrigo Taveira.

30-09-12


Enquanto o silencio se torna coragem... Milhares de casulos em minha mente.
Para alguns um tolo pareço, de outra forma não seria... O medo colide com amor em poucos segundos.

O tempo ruge, trémula e desperta a criança morre. As estrelas brilham em minha alma...

Aqui e agora sinto algo estremecer, milhares de casulos a se romper... As borboletas, incontáveis asas, fragmentos do passado vivem neste momento, morrem minutos após... Estar em um ponto onde não existe retorno, um caminhante que olha para traz mas não se recorda de onde veio, não se recorda para onde vai... A eternidade de um momento presente, encontrou a chave, invadiu os céus, tomou para si as estrelas e despencou... A dor, o alivio, o sorriso mascarado; o feto que foi abortado, aberto, todas cores, todos os sons, em si mesmo o vácuo...

Os universos como pequenas esferas a girarem em torno de si, no vazio obstruído, infinitas almas transmigram em suas evoluções... O caos e o cosmos sentados em seus balanços, vendo, contemplando a arvore florescer enquanto morre... O vórtice de energia que se eleva é o mesmo que esta em queda... E em si tudo é ilusão a não ser o silencio...
Isto é em si um sonho ou realidade? Ele pergunta a si mesmo e após um compasso, um dia para o seu deus que é em si todos os deuses, há si mesmo ele responde: Enquanto o 'eu' morre, sinto, danço, aqui e a agora!

Olhando as nuvens que se movem, ele sente dentro de si o calor do sol, a canção dos planetas lhe sussurra aos ouvidos, conectado? Não, tudo e ele são uma coisa só e no entanto não são...
Um fagulha consciente, desperta em uma grande fogueira, se parece sozinha, entristecida, porem em seu silencio ela se regojiza, ela se move no intimo de toda a fogueira, vê pelos olhos que não são seus, o calor, a morte, a vida, a musica...

O que pode significar a vida para aquele que dorme?  
Rodrigo Taveira.

domingo, 23 de setembro de 2012

Elemental e sufocante...


1.
— Você conhece o caçador dos sonhos?

— Não... Porque?

— Eu posso ouvir a cidade, horizonte perdido...
Eu posso ouvir os seus sonhos, alguns se realizaram.
Eu posso ouvir a noite, seus passos leves, cíclicos ao meu redor...
Eu posso ouvir o silêncio, eu posso aprender!

— Como...? O que isso significa?

— Esqueça... Boa noite!

2.
Sol, iluminação... O céu ainda se encontra azul!
Queda, profunda... Ao descompasso do mundo, plenamente, incandescente, florescendo...
Libertas lembranças que fogem, retornam... Machucam oferecendo a salvação!

3.
A decadência de uma promessa profanada... Contra o vento, renascimento de uma nova noite.
As crianças deitadas, olhando, repousando seus frágeis olhos na luz das estrelas... Distante céu!

4.
Ele tem a alma de um vagabundo, que contempla todas às madrugadas o amanhecer...
A alma de um vagabundo... Desperta, alucinação, descontração, banhado em orvalho...
Desesperado, cansado... E a muda canção grita, sacrifica... Quatro direções e uma canção solitária!

5.
Ela mergulhou fundo... Tão fundo que não se suportaria.
A queda no oceano profundo, agonia? Não, ela era uma estrangeira pela noite...
Naquela noite, apenas aquela vez, ela viu! Por poucos segundos, o oceano a refletir o Universo.

6.
Desejou ser um anjo, desejou não morrer... Apenas seu rosto colado, a beijar a face fria do espelho.
Naquele momento, friamente, voluntariamente em movimento precipitou-se...
Os Anjos riam em seu rosto, enquanto sua vontade permanecia... Uma alma calada!

7.
Alguns lutam contra as trevas, alguns criam novas religiões, muitos pedem:

— Por favor... Ajudem!

E na mentira que escorre por dentro, alimentando a distância...
Pombos e corvos na mesma direção, o cego vôo ao abismo.
Olhar para os céus, falência, agonia, de tanta dor apenas sussurros são pronunciados.
Todo o dia se pode sentir, que acima do amor reina o desejo e o ódio...
Por entre os homens, nos homens... Eu sou um homem e melhor seria que não!
Tanto ódio que carrega o mundo... Um planeta embriagado de sangue!
Por entre os homens, nos homens... Eu sou um homem e melhor seria que não!
Eu posso sentir! Alguns podem sentir... A maioria não...!
Desconstruir a realidade... Ou nos esquecer de vez...?
Outra terra prometida não haverá...
E quando realmente perceberem... Não, nunca perceberão!

8.
Quem pode estabelecer um compromisso e segui lo sem preconceitos, sem medos e com a certeza de não falhar?
Há uma doce época, sutil e iluminada quando a mente não foi endurecida e onde a esperança repousa. Um sonhar com perspectivas divinas, puras... Justas!
Uma alma tem a chance de encontra o tesouro perdido, escondido... Quando sua mente caminha na idade da inocência!
Deus é doce puro e cheio de justiça quando se tem inocência! Ele existe!
E o tempo e a vida tomam de propósito fazer que por mais um tempo somente haja fragmentos de sua existência!
Não basta desconstruir somente a realidade, tem de se desconstruir o Eu em igual equivalência... Igual proporção!
E além de todo despertar terá o renascimento e a capacidade de saber agradecer, uma época intangível e inatingível de boas sensações... Inocência, serenidade, paz!

Rodrigo Taveira.

E se desfaz.


'' que seja suave a sua morte e com sorte não mais nascer... ''

... Em minha frente um precipício,
Em minha jornada me perdi!
Não posso mais suportar...
A paz me abandonou!
Não há mais tempo,
Estou completamente fraco e atordoado...
O que acreditava não creio mais,
O que de mim afastava,
Tenho certeza que faz parte de min...
O que julgava certo...
Não mais julgo!
As vozes me perturbam,
O céu é negro,
Não mais vejo o sol!
Minha alma já está cansada,
Meu corpo está cansado,
E o que antes chamava espírito,
Não sei mais!
Sim! Eu posso ouvir!
A queda me chama...
Sim ela está a me chamar!
Talvez a morte me receba 
Traga me o alívio de que tanto necessito?
Não...

'' Se fixa dentro e fora...
É o que está abaixo, e o que está acima.
É o que te preenche, e o que te mantém...
Tudo se faz igual...''

Olho para baixo e vejo um precipício,
Apenas isso, parece não ter fim...
Não me importo mais, o que tinha perdi,
E nada encontrei... Pois nada é!
Simplesmente nada além do absoluto nada!
E o que me resta?
Não vejo sentido algum...
Creio que seja isso,
Chegou o fim...
Nada além de nada!
E o que resta é vaidade...

Rodrigo Taveira.

23-09-12


A lamentação diária, rotineira, provável no possível e nas impossibilidades. Caminhos que se fazem retilíneos em uma figura de realidades cíclicas, múltiplas e divergentes.
Aflogístico lamentar e o tempo que outrora fruto de mitos e canções, agora aliado a verdade se prostra aos pés do caos e suas intenções.
E em nossas faces cansadas e caídas de tanto procurar, por algum motivo, o despertar!
Pode parecer à primeira vista insensatez, mas o que não é insensato caro amigo? Libertar se do medo, medo ao qual é a origem de toda falsa verdade e um caminho de sombras e sem direções!
Razões que cremos que são desconhecidas, razões a quais conhecemos que em si de racional nada possuem... Mas no intimo tudo é revelado e facilmente conhecido...
Cada momento que se passa, cada segundo que se esvanece, perceber se cada vez mais e evidentemente que tudo é tão comum, simples, como uma brincadeira de criança, como o revoar dos pássaros...
Somos moldados diariamente para estabelecer e fundamentar a nossa fé na razão. Dificultamos as passagens, colocamos barreiras, impedimos o caminho com nossas conclusões inúteis e fúteis, nossos tolos pensamentos procuraram erroneamente... Cavamos buracos para encontrar o que é o bem e elevamos nossas faces para o alto, na tentativa de compreender o mal.
Mas, o que não sabemos é que estamos além e que a cada momento que se passa, chegamos mais perto, cada vez mais perto e no entanto nada podemos ver!
A realidade é única e ao mesmo tempo fragmentada, múltipla e em desordem, ela nos arremessa ao mesmo lugar, mas por caminhos diferentes. Ela nos molda conforme nossa imaginação que reflete o fragmento deste caos em cada um de nos. Somos espelhos a refletir, somos o que o espelho reflete, somos um insignificante e frágil fragmento caótico juntos aos nossos infinitos irmãos... Somos a distorção da criação e sua magnífica manifestação, esferas de infindas cores, frágeis e compulsivos. Somos o que se eleva e o que se rebaixa, a turbulência e a calmaria, os sonhos e os temíveis pesadelos!
Somos parte de uma canção composta por energia, manifestações e contradições, somos as notas que foram compostas pela majestosa sinfonia cujos os instrumentos são o tempo...
A cada um que se ache vazio, se preencha... E aos preenchidos, se esvaziem!
Pois o caos e sua sinfonia se revelam a cada novo amanhecer, com suas cores e desordem, amores e ódios, como bons e péssimos pais.
E tudo jaz simples na cova que se refaz, pois o desperto já não mais dorme, a realidade não mais engana, o que outrora cegava te faz ver por sobre todas as coisas... Você tudo pode ser e na iluminação nada ser!
E aos tolos basta à alegria, a felicidade de se alimentarem de ilusões e tolices!
Em verdade, segredos não existem, apenas coexistem com as diversas possibilidades e suas alusões...
Quem compreende cada vez mais ama, pois tudo se encontra em aberto e em constante evolução.

Rodrigo Taveira.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

21-09-12


Não façamos questão de manter pessoas em nossa vida que só semeiam discórdia... Muito menos pessoas que só se importam com o que temos ou deixamos ter; Não aceite que lhe digam o que fazer! Uma vez que não se trata de "fazer" e sim "ser"...
Direi por mim, vivo em uma sociedade neurótica e doente porque eu sou doente. Assumir a loucura é o primeiro passo para se tornar um observador da sua própria "mente", observar que os seus pensamentos são carregados de preconceitos e fluem mecanicamente seguindo sempre um padrão pré estipulado, perceber que estes pensamentos não são você e quão fútil e estupido é alimentar uma imagem de si mesmo... Se cada um olhar para si agora verá que existimos como fragmentos, pedaços, cacos, extremamente magoados, do momento do nascimento até a morte, somente sofrimento o qual é elevado na tentativa  de se enxergar aquilo que no intimo você É nesses pedaços espalhados em sua mente... Criamos salvadores e suas religiões, falamos de paz enquanto matamos nossos irmãos, o que seria tudo isso senão pura hipocrisia? Atordoados e em desordem, nesta confusão criamos autoridades para nos guiar, pois somos tão covardes que temos que colocar a responsabilidade em outro e esse outro se torna esse "ente" monstruoso que não é nada mais que o reflexo de toda nossa loucura, desordem e covardia, damos o nome de sociedade a tudo isso! Realmente estou farto, somos patéticos, ignorantes, mentirosos, criminosos e nos achamos especiais, protetores da verdade... "Vou lhe guiar meu irmão, esta é a sua salvação!" E onde fica a parte em que você diz: _ É somente ironia!

Vivemos em conflito o tempo todo, desejamos paz, amor e quando isso se aproxima desejamos ir para o futuro, não aceitamos o momento presente, aqui e agora, somos contra a unica realidade, não importa o que seja estar aqui e agora, rejeitamos, recusamos... Esperamos no futuro sermos felizes! E quando chegamos no futuro podemos contemplar que não existe final feliz! Tudo o que você fez irá dissolver e você estará morto e nada, nada do que tenha se esforçado tanto para fazer terá significado algum.  Sua vida perdida com seus pensamentos, tentando se encontrar no futuro ou no passado, o momento presente desprezado... Sendo que somente aqui e agora podemos estar serenos, conscientes e em paz e toda tentativa de tentar se encontrar consigo mesmo, seja no passado ou futuro resulta em tortura e sofrimento, porque nossa mente se fortalece com o conflito e o seu ser é subjugado pela sua desatenção do momento presente... 
Proponho experimentar o silencio e o amor que surge desse estado de atenção, aqui e agora. Deixar que os nossos pensamentos passem por nós como uma grande nuvem no céu, não nos apegaremos, ficaremos conscientes em plena atenção... Sentir o coração vibrar, ele que é a casa do mais sagrado que transcende toda nossa fútil explicação... Encontrar o caminho aqui, agora, dentro de nós... Serenos e em paz... (cont.)
Rodrigo Taveira