I-
Qual
o caminho seguir neste paradoxo que se tornou a minha alma, em cada
vida, cada história... Se tornou impossível apagar tantas
lembranças, marcas, cicatrizes... A realidade me confunde
constantemente, eu vejo o que já vi, vivo, sinto o que não deveria
sentir... Minhas lagrimas caem pelo seu sorriso e sua felicidade é a
minha dor!
Onde
estou?
Quem eu sou?
Meus
olhos se perdem no vazio entro em um estado de perturbação mental...
não sei mais, e o que sei não é o bastante!
A
sensação de não se estar em casa, consumindo aos poucos e vagando,
apenas vagando, sem rumo, sem canções, enfeitiçado pelos céus e
fascinado pelo desejo de retornar...
Quem
sou?
Onde estou?
Um
viajante de milhares de caminhos, portas queimarei, paredes
derrubarei e o que restara sempre será, portas e paredes...
II-
Não
sei se é uma recordação ou passos silenciosos nos quais perco
minha lucidez... Como em um espelho, milhares de eus e uma mesma
respiração, milhares de lugares e a mesma foma, um mesmo tempo e
variantes espaços...
A
canção que ouço, os pensamentos há se misturarem em uma atmosfera
de inconsciência, a realidade se transforma em um paradoxo. Me perco
em linhas cruzadas, me sinto solitário em uma encruzilhada, no
entretanto existem milhares de eus solitários e presos na mesma
intenção...
As
vozes que além da compreensão nos aprisionam e nos ferem... Por
vezes me esqueço e suspenso no vácuo permaneço, inebriante queda!
Transformar se em uma gota de chuva, em uma nuvem ou em um raio
solar...
Não
existe despertar para aquele que não se recorda de quando dormiu...
Um emaranhado de energias, essa teia da qual não se pode afastar...
Este
é o farfalhar dos gestos, o grotesco gosto de desespero nos beijos
apaixonados nas esquinas, a fumaça dos inocentes que se perdem nos
nevoeiros da razão...
Acorde!
Acorde! Acorde! Tão cedo ou longe, raso ou profundo, perto ou
absurdamente distante... Tudo soa como três negativas antes do galo
cantar.
III-
Para
sempre serei...
Para
sempre serei só...
Por
mais que detalhes venham a aparecer...
Para
sempre serei só nas extensas nebulosas, entre as constelações a me
esconder...
Nos
confins do universo talvez encontrar, essência metade de minha alma.
Venha
voz da indagação, abro meu peito a luz de outrora eras, iluminem!
Decifra as minhas palavras, conduza minhas mãos como cavalos
selvagens, violem a minha razão ou a razão da qual desconheço!
O
dia se separa da noite quando dorme o Sol
Para
a Lua que no céu se ergue escrevo meu lamento
Das
flores que aqui estavam nada restou
Minha
morte se deu, bravo novo mundo!
A
vida que sucumbe a realidade
Os
versos ecoam, rasgando os céus com seus trovões
Ter
em si mesmo a eternidade...
O
que vejo de mim mesmo, nada!
Sim
ser, apenas o vazio de ser
Sim
ser, nada!
Transformar
musica em palavra era sublime...
Hoje
somente vejo corvos em minha mente em cada nota.
Não
sei quanto tempo terei de esperar até enlouquecer de vez...
Tudo
é tão lento e mórbido que tal como um espelho velho, o que
reflete?
Eu não sei!
(Rodrigo Taveira.)