quarta-feira, 18 de agosto de 2010

E o rio revelou-se turvo, faminto...

Após uma eternidade de insanidade
Um dia de rosas vermelhas e ao anoitecer,
Palavras e lapides no jardim!
Sangue por sangue, lagrima por lagrima...
E os lábios do tempo, em um suave bocejo
Deixa escapar o odor fétido do fim.

O lamento silencioso dos filhos de Deus que se debatem pelas pedras deste santuário, embriagados pelo sangue e a moral retorcida de seus velhos hábitos. Um profundo abismo de estrelas solitárias com a qual a morte brinca, provocando-os sempre voltam ao mesmo lugar.
E em poucas faces cansadas de dor a procura se cessa, e o sol se torna em plena escuridão ante o despertar.
Pode parecer à primeira vista insensatez... Liberte-se do medo! Há razões que cremos que desconhecemos, mas no íntimo tudo é revelado. Por dias esvaecemos e evidentemente somos silenciosamente tragados. A origem da dor manifesta se na ignorância e no desejo de se apegar em tudo que é perecível e corrupto.

Morte, elo e vulto de boas novas.
Petrificados são os olhos que vida a vida,
Cavam e sepultam o próprio corpo.
Asas cansadas e sonhos líquidos,
Mártir, o corte vocifera impune
O real sangue da imaginação liberta.


Anunciado deste a terra de mananciais, ao deserto negro de pura energia, a força de antigos cultos que dia após dia, realiza seu misterioso rito por cada mente sóbria do universo, que em aflitos espasmos se caracteriza na visão da grande construção. Piramidal obra de infindos olhos.
Repetidamente dificultamos as passagens, colocamos barreiras... Cavamos abismos para encontrar o que é o bem, e elevamos nossas faces para os céus na tentativa de compreender o mal.
Mas o que não se compreende, é que estamos além... E que a cada fração de segundo que esvaece, chegamos mais perto e cada vez mais longe, mas aos tolos nada se pode discernir.
A realidade é única e ao mesmo tempo indefinível e múltipla, como um labirinto nos confunde e tem por estrutura a perdição, por caminhos diferentes guia a todos a salvação, a essência que renasce e aniquila. Majestosamente ela nos molda conforme a luz e as trevas que se reflete em cada um.

Somos espelhos a refletir,
Somos o que o espelho reflete...
Insignificante fragmento do caos,
Estrelas envoltas por criação.
Canção e distorção do nada
E suas esferas de infindas cores!
Rodrigo Taveira.

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