sexta-feira, 6 de abril de 2012

Neblina


Empoeirado é o solo, vaga são as lembranças. Saiba que eu tentei fazer o meu melhor, que ansiosamente esperei pela verdade.
Abandonei tudo, tranquei minha alma em um baú escuro e vazio... Desejei o desejo de retornar para casa, sem sangue nas mão. Sonhei com você todas as noites antes deste dia...
A loucura arrastou me ao abismo e sua voz se tonou um vendaval a derrubar as folhas das arvores, hoje nesta colina onde me ajoelho, onde um alto preço foi cobrado... Os raios do Sol se tornaram navalhas e carrego as nuvens enquanto rastejo no sangue dos meus antepassados...
Por favor, olhem as cicatrizes que se espalham e sangram e que não se fecham com tempo.
Meus olhos avistam as torres em chamas... Deus onde estivestes esse tempo todo em que andei enfeitiçado pelas duvidas?
Minhas mentiras e contradições são como areia em pote de vidro... Não vejo nada além de fantasmas por entres a pedras, um infortunado filho perdido na tempestade... Perdedores e sonhadores em um mesmo amor, atormentados pelo tempo e vendados pela ilusão.
Onde me perdi, em qual ponto nos perdemos... Onde esta o caminho?
Quando recordo me do que não me lembro, do que não vivi... Estar sentado na margem do rio vendo meu coração ser levado com a correnteza, sentir meu espirito se misturando as gotas de chuva... Ver os céus se abrindo e eternas mãos a me apanhar, como uma inocente criança a arrancar pela primeira vez o doce e maduro fruto...
Os dias me sufocam, as grades me ferem, minha divida com os céus e comigo mesmo não é bem vinda... Ser obrigado a fragmentar o meu ser e me perder, esquecer de quem sou?
Oh Senhor, abra se uma janela por só e somente uma vez, para que eu possa ver, para que eu possa voltar a vida! Assim como a semente esquecida na seca germina quando o espirito da chuva vem lhe abraçar...
Tudo me entorpece e ilumina... Esse casulo não é minha casa, essas falsas emoções não são a sombra da minha alma. Eu vejo por uma fenda, um reluzente lugar cuja a terra é branca e as montanhas de cristais, onde além tudo se torna sem forma e vazio...

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