O ciclo de cinco
singelas notas... Um pianista inebriado pela lua, sangra e em sua
alma uma paz dormente, obtusa, trágica... Atravessa e repassa,
arranca e folheia...
A fumaça de seu
cigarro turva lhe os olhos, se acelera o compasso, nasce a fúria
solitária sem compaixão e gloria.
Os corvos na janela não
o deixam dormir, ele se levanta a gritar e amaldiçoando os céus...
céus que cinco segundos após o responde, com raios e trovões...
As alucinações tomam
conta daquela alma como um eclipse inesperado acorrenta os olhos de
uma multidão!
Se transporta,
reedifica e transcende... O uivo sincero e a caçada repentina,
correr por entre venturas e corredores de grandes arvores, vivas!
A respiração repete o
compasso, o coração vibra com cada nota, como em um redemoinho de
borboletas em frente ao Sol...
O vazio e suas
perguntas o digerem como uma serpente... Enquanto lentamente se
estabelece a harmonia, em seu lado esquerdo escuras almas em busca de
luz, ao seu lado direito iluminadas almas em busca de lembranças...
E nas catedrais vazias e
empoeiradas recordação de um lamento por entre vitrais e
estatuas...
A alma arranca suas
vestes gastas pela eternidade e renasce, pura, límpida,
milagrosamente silenciosa.
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