sexta-feira, 6 de abril de 2012

06-04-12


O ciclo de cinco singelas notas... Um pianista inebriado pela lua, sangra e em sua alma uma paz dormente, obtusa, trágica... Atravessa e repassa, arranca e folheia...
A fumaça de seu cigarro turva lhe os olhos, se acelera o compasso, nasce a fúria solitária sem compaixão e gloria.
Os corvos na janela não o deixam dormir, ele se levanta a gritar e amaldiçoando os céus... céus que cinco segundos após o responde, com raios e trovões...
As alucinações tomam conta daquela alma como um eclipse inesperado acorrenta os olhos de uma multidão!
Se transporta, reedifica e transcende... O uivo sincero e a caçada repentina, correr por entre venturas e corredores de grandes arvores, vivas!
A respiração repete o compasso, o coração vibra com cada nota, como em um redemoinho de borboletas em frente ao Sol...
O vazio e suas perguntas o digerem como uma serpente... Enquanto lentamente se estabelece a harmonia, em seu lado esquerdo escuras almas em busca de luz, ao seu lado direito iluminadas almas em busca de lembranças...
E nas catedrais vazias e empoeiradas recordação de um lamento por entre vitrais e estatuas...
A alma arranca suas vestes gastas pela eternidade e renasce, pura, límpida, milagrosamente silenciosa.

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