Antes
da minha partida para o norte, havia uma casa em Santo Algures e essa
casa era feita de pedras, brancas, verdes e negras... Não haviam
moveis e ninguém a habitava.
Lembro
me de passar horas olhando, observando aquela casa, havia três
arvores em sua frente e uma fogueira que duelava com a luz dos Sóis.
Algumas vezes pude ver crianças que corriam por entre as arvores,
belas arvores mas sem frutos.
O
céu por sobre a casa era sempre violeta, mesmo quando chovia. E o
tempo não a alcançava, a casa não envelhecia, o fogo não se
apagava e das arvores sequer uma folha eu vi cair.
Enfim,
sentia paz emanar por todos os lados, os meus pensamentos não me
afligiam e me sentia bem!
Toda
vez que meus olhos se fecham, me vem essa lembrança... Estou tão
mudado, esta tudo diferente... Não sei quem sou, onde estou, mas da
casa não esqueço.
Estou
sentindo, posso ouvir o nada... Uma estrela em sacrifício se
transforma em pó, mais um dia se vai, a noite se aproxima e tenho a
sensação que pelo menos por esta vez, os meus pesadelos sumiram...
Mas
não fecharei os meus olhos, aproveitarei que estou em paz e
contemplarei as estrelas no céu, pois após muito tempo vejo por
trás das entrelaçadas redes da realidade... O céu estrelado e com
a Lua a olhar para min, basta!
A
noite se torna fria, mas não me incomodo... Por longo tempo não me
sentia tão bem, os meus demônios se calaram e os anjos não me
perturbam mais, apenas eu e o universo... Sim! Essa é a melhor
sensação que já senti... Verdadeiramente solitário, sinto até
que os olhos de Algures não estão a me observar...
A
um grande e único lugar,
Onde
repousa tudo e todas as coisas,
Um
lugar afastado e tão perto...
E
somente nesse lugar pode se perceber,
A
diferença da liberdade e da escravidão...
Até
quando, até quando... Até quando essa pergunta que não cala em
meu ser?
Sim,
por pouco se vê a transfiguração e o homem não estará aqui...
Eis que ecoa o trovão!
(Rodrigo Taveira)
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