domingo, 1 de abril de 2012

A Casa...


Antes da minha partida para o norte, havia uma casa em Santo Algures e essa casa era feita de pedras, brancas, verdes e negras... Não haviam moveis e ninguém a habitava.
Lembro me de passar horas olhando, observando aquela casa, havia três arvores em sua frente e uma fogueira que duelava com a luz dos Sóis. Algumas vezes pude ver crianças que corriam por entre as arvores, belas arvores mas sem frutos.
O céu por sobre a casa era sempre violeta, mesmo quando chovia. E o tempo não a alcançava, a casa não envelhecia, o fogo não se apagava e das arvores sequer uma folha eu vi cair.
Enfim, sentia paz emanar por todos os lados, os meus pensamentos não me afligiam e me sentia bem!
Toda vez que meus olhos se fecham, me vem essa lembrança... Estou tão mudado, esta tudo diferente... Não sei quem sou, onde estou, mas da casa não esqueço.
Estou sentindo, posso ouvir o nada... Uma estrela em sacrifício se transforma em pó, mais um dia se vai, a noite se aproxima e tenho a sensação que pelo menos por esta vez, os meus pesadelos sumiram...
Mas não fecharei os meus olhos, aproveitarei que estou em paz e contemplarei as estrelas no céu, pois após muito tempo vejo por trás das entrelaçadas redes da realidade... O céu estrelado e com a Lua a olhar para min, basta!
A noite se torna fria, mas não me incomodo... Por longo tempo não me sentia tão bem, os meus demônios se calaram e os anjos não me perturbam mais, apenas eu e o universo... Sim! Essa é a melhor sensação que já senti... Verdadeiramente solitário, sinto até que os olhos de Algures não estão a me observar...

A um grande e único lugar,
Onde repousa tudo e todas as coisas,
Um lugar afastado e tão perto...
E somente nesse lugar pode se perceber,
A diferença da liberdade e da escravidão...

Até quando, até quando... Até quando essa pergunta que não cala em meu ser?
Sim, por pouco se vê a transfiguração e o homem não estará aqui... Eis que ecoa o trovão!
(Rodrigo Taveira)

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